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DEUS, POR FAVOR, APAREÇA NA TV!

Antônio Pavlos Euthymiou

Muitos de nós já ouvimos o refrão da canção "Deus" do Kid Abelha, que diz: "Deus, por favor, apareça na televisão!." E quantos de nós não ficamos imaginando o quanto isso seria bom. Não seria ótimo, se Deus falasse com a gente quando estamos com uma daquelas dúvidas cruéis, que ninguém parece resolver?... Quando a tristeza, a solidão, o desespero ou a falta de objetivos parecem nos levar para o inferno?...

Bom, meu amigo, isso é possível. Não em nenhum novo canal a cabo, tipo "God News", ou "O Céu Quer Te Escutar", mas em um milhão de formas simples e muitas vezes corriqueiras para todos nós. Na verdade, dificilmente você vai encontrar Deus na televisão. Pois quando Deus "fala" você sempre se sente empolgado, cheio de vida, louco para abraçar as pessoas. É como define o Dicionário Aurélio a palavra ‘entusiasmo’ em sua primeira acepção: "Na antigüidade, arrebatamento extraordinário daqueles sob inspiração divina." E, normalmente, a televisão ou nos dá sono ou nos deixa preocupados, certo?

Agora, como você se sente quando está apaixonado por alguém, ou por algum projeto pessoal em particular? Entusiasmado, cheio de vida, com um milhão de inspirações borbulhando na sua cabeça, não é? Você já percebeu que nessas ocasiões, muitas vezes você "ouve" a resposta para uma das dúvidas que te perseguiam? Então, é Deus te respondendo! Outros exemplos: uma música que se adora (começou a tocar no rádio uma música que eu adoro, e que diz: "Eu sei que posso, como todo homem, esticar a minha mão e tocar o rosto de Deus."), uma gargalhada descontraída com os amigos, uma boa dança, a emoção de um gol, ou a pureza no sorriso de um bebê.

Nesses momentos especiais costumam acontecer "coincidências" interessantes: alguém de quem se gosta de repente telefona, ou temos um insight incrível, uma idéia genial, ou alguém na televisão ou no rádio fala algo sobre o que se estava conversando. São as chamadas ‘sincronicidades’ de Jung. Uma outra característica de uma boa conversa com Deus é que Ele realmente responde a alguma pergunta nossa, seja através da capa de um livro, da opinião de um amigo, ou de um filme que a gente vê no cinema. A gente de alguma forma sente que a resposta é aquela.

É claro que existem formas menos "aleatórias" de se conversar com Deus. Alguém já disse que na oração a gente fala com Deus, e na meditação a gente O escuta. Concordo plenamente. A meditação é uma boa oportunidade para esvaziarmos a nossa mente de medos e preocupações que nos impedem de ouvir o nosso Eu superior, de ouvir a voz de Deus. Podemos também consultar algum oráculo através de uma arte divinatória como a Astrologia, ou o Tarô. Muitas vezes, o papel do astrólogo, por exemplo, é somente dizer coisas de que nós já sabemos, mas que estamos cegos demais para ver. Em outras, ele também é capaz de nos mostrar uma faceta da nossa personalidade com a qual nunca tínhamos nos deparado, ou que andava adormecida há tempos. Quanto às previsões, acredito que elas funcionem como possibilidades que se apresentam para nós, baseadas também no que plantamos até aqui. E nunca devemos esquecer do poder do nosso livre-arbítrio: "Astra inclinant, non determinant". Os astros inclinam, delimitam em parte a nossa vida, mas não determinam as nossas escolhas finais. Se há algo em nós de que não gostamos, a força da nossa vontade é capaz de mudar isso.

Em resumo, se você também gostaria que Deus aparecesse na televisão, basta ligar na "estação" certa. Ou seja, basta dar espaço para a sua sensibilidade e estar aberto para ouvir as mensagens. Isso é mais fácil do que se imagina. Saboreie um lindo pôr do Sol, contemple a imensidão do mar ou mergulhe no abismo de um olhar apaixonado. Deus vai estar bem na sua frente.