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O SIGNIFICADO DA TERAPIA

Giancarlo Kind Schmid

Etimologicamente, o termo Terapia vem do grego Thaerapia que significa "Servir a Deus". A prática terapêutica é antiga e concilia a ligação do homem com a Natureza. O termo é hoje empregado pela medicina ortodoxa para designar algum tipo de tratamento e acompanhamento médico.

Os primeiros terapeutas surgiram entre os egípcios, onde a prática de cura era dirigida através da força de suas divindades. Podemos incluir também os ritos xamãs que se difundiram pela antiga Europa. A Ordem dos Essênios possuía manuscritos que ainda hoje estão sendo traduzidos, com o título de "Thaerapéia", que fornecem técnicas de banho de imersão, utilização da energia solar, prática com minerais, etc.

Os antigos gregos manifestavam grande interesse por trabalhos de cura utilizando os recursos naturais. Naturalmente, existia toda uma mística que envolvia essa prática, já que essa civilização dava muita importância aos sonhos, fenomenologias naturais, energia cósmica, cores e sons, animais, minerais, plantas, etc.

Muitos foram os mitos que suscitaram-nos uma grande imaginação quantos às práticas terapêuticas da época. Nesse aspecto, posso citar dois de interesse e um tanto populares: o mito de Asclépios e o de Quíron.

Aparentemente Asclépios (ou Esculápio, na versão romana), seria o patrono da medicina ortodoxa, se não fosse o fato desse personagem sair "ressuscitando os mortos" após adquirir o caduceu de Hermes e ser a seguir castigado pelos deuses por isso. Asclépios seria assim considerado o primeiro terapeuta que simbolicamente "tira o estado mortificado que está em nós".

Já Quíron, sábio centauro, instruía os heróis em suas jornadas e era uma espécie de psicoterapeuta e conselheiro mitológico. Dentre alguns "discípulos" de Quíron, posso citar: Héracles (Hércules), Jasão, Teseu, Perseu, etc. Conta o mito que Quíron ao juntar-se com Héracles na luta contra outros centauros, acaba por ser atingido por uma flecha envenenada na coxa, e como ele era um ser meio divino, passou a sofrer com a ferida que se formara e que nunca sarava. Parece que suas qualidades de curador aumentaram a partir deste momento, significando que entendia melhor a dor por ter sua própria ferida. Devido ao seu sofrimento os deuses se comiseraram e transformaram-no na constelação do Centauro.

Assim é o terapeuta: cura a "ferida" dos outros por ter sua própria "ferida". A terapia é toda forma de "cura da alma", utilizando-se da palavra, energia, toque, movimento ou qualquer direcionamento e encaminhamento interior.