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UMA VISÃO ESOTÉRICA DO ECLIPSE

Izabel Teixeira

Todas as vezes que um aspecto astrológico significativo ocorre no Céu, logo pensamos no que acontecerá em nosso planeta; como atingirá a cabeça dos homens. Nós, astrólogos, bem sabemos que antes de se descobrir qualquer planeta no céu, ele influencia nosso inconsciente, e a "manifestação" (palavra usada pelo Budismo Tibetano para qualquer processo de materialização) do princípio relacionado a esse planeta sobre a Terra, e conseqüentemente sobre os homens, ocorre apenas com o conhecimento consciente da presença do mesmo.

Um princípio para se "manifestar" na matéria precisa de tempo. Alguns aspectos de Urano, por exemplo, descoberto no fim do Século XVII, só podemos compreender agora. A melhor compreensão de uma "consciência" expressa no céu leva muito tempo, às vezes séculos se for um planeta ou uma era astrológica. Então, porque um alinhamento ou um eclipse não pode levar alguns anos para ser plenamente compreendido? Costumo dizer aos meus alunos que qualquer aspecto no céu leva 28 anos para se manifestar integralmente, pois será o primeiro retorno de Saturno das pessoas que nasceram naquele momento, e dependendo da casa do mapa em que o aspecto se encontre, ou será uma "manifestação" mais pessoal ou de caráter mais social.

Uma "consciência" para se manifestar na matéria usualmente precisa de muitos nascimentos. Muitas vezes essa energia é encarnada por muitos seres humanos espalhados pela Terra sob o comando do inconsciente coletivo (Urano, Netuno, Plutão), ou num só lugar da Terra, sob o comando de um ideal. Quando um líder surge encarnando uma dessas forças superiores, há uma afinidade à mesma e o preparo para executá-la aqui na Terra, seja essa proposta boa ou má. Visto isso, que tal darmos vidas e corpos a esses grandes eventos, acompanhando as pessoas que nascem sob sua influência? Num desses momentos históricos (para nós, astrólogos) podem nascer pessoas como um Lennon, ou, quem sabe, um Saddam Hussein, dependendo de qual ensinamento a humanidade e a Terra precisam aprender.

Quando se observa os países que o eclipse de 11 de agosto mais afetará, percebemos que são lugares onde existem grandes conflitos na Terra, e já existe uma energia sombria ali. Poderíamos falar sobre uma pessoa ou sobre um grupo incorporando a capacidade de executar tarefas, relacionadas ao mapa do eclipse, provavelmente localizado ao norte da África ou dos países árabes. Se fôssemos pensar numa "consciência" nascendo, para encontrá-la teríamos que ira ao Chade, em plena África, pois é o local em que o eclipse estará mais evidenciado, mas nesse lugar poderá incorporar a energia mais negra do Eclipse.

Mas que tipo de energia trará este eclipse? Devemos então analisar as posições planetárias do mapa deste evento, mas não irei me referir às casas para não polemizar sobre diferentes sistemas.

A Cauda do Dragão e Urano em Aquário, nos fala de uma grande energia fora de nosso alcance mental entrado na Terra, com a função de libertar-nos de velhos padrões. Essa energia pode ser até de força extraterrena. Urano enquadra Marte e Saturno, ou seja, ele entrará pesado contra nossa densidade encarnatória, nossa identidade terrena e nossos apegos cármicos. Saturno em Touro trabalha nossos valores mais antigos, nossos medos de transformação (apego), em contrapartida ao Marte em Escorpião, que significa a ação transformadora e possíveis mortes (medo). Quando falamos libertação, normalmente gostamos dessa idéia, mas como já dizia um Lama Rimpoche, "nem todos estamos prontos para libertarmo-nos dos carmas, pois só sobrariam nossas unhas e nossos cabelos". Percebo que com essa primeira quadratura, Urano está trazendo para a Terra uma força inovadora e está encontrando como obstáculo a nossa condição terrena (Saturno) e nosso medo de aceitação, nos fazendo lutar como verdadeiros guerreiros (Marte). Observando politicamente, os povos árabes e os povos do norte da África são a maior oposição ao domínio, ao avanço tecnológico (Urano). Provavelmente serão nesses países que nascerão as forças (Marte) da resistência (Saturno). Cabe a nós descobrir onde, simultaneamente, estará nascendo a Luz (ponto de oposição ao eclipse).

A saída está na Cabeça do Dragão, em conjunção ao eclipse (Lua e Sol) em Leão. Não parece estranho uma total escuridão num signo de Luz? Será que estamos caminhando para um momento de escuridão terrena ou de Luz?

Os princípios Yin (Lua) e Yang (Sol) estão em desarmonia na Terra e precisam encontrar um ponto de equilíbrio dentro de um Ser mais centrado (Leão). Assim acabaríamos com dicotomias do tipo bem/mal, matéria/espírito e conseguiríamos nos libertar da visão maniqueísta, integrando o Aquário. Essa é a idéia de integração dos Nodos Lunares (Cabeça e Cauda do Dragão), mas quantos sofrimentos teremos que ultrapassar (enquadramento Saturno-Marte)?... Num momento de extrema escuridão nascem muitas forças de pouca luz, que serão um possível exército a levar a humanidade através da dor a uma consciência mais globalizada. Lilith e Plutão são os únicos pontos do mapa que fazem bons aspectos com Cauda e Cabeça, ou seja, só conhecendo a nossa sombra, a miséria, é que vamos evoluir, alcançando mais luz.

Penso muito no nascimento de Zeus, na mitologia Grega, que foi escondido para sobreviver. Quem sabe nesse momento, em que todos os olhos estão, como num passe de mágica, voltados para um lado do mundo, focalizando o eclipse, em algum outro canto da Terra estará nascendo um ser que precisou roubar toda a luz que havia à sua volta para ganhar um corpo à sua altura. A ação transformadora, evolutiva, está indicada por uma maior consciência vindo da Lilith com Plutão em Sagitário, cujo regente é Júpiter, que faz um trígono com Vênus retrógrada, sua regente nesse caso, por estar em Touro, o que significa, que essa transformação pode vir com sabedoria, e a quebra de valores pode ser feita com amor. Que tal procurarmos um Ser de luz nascendo sob os pontos de Vênus e Júpiter?