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A MAGIA CRIADORA DOS NÚMEROS

Julio Simões

Alguém já pensou na possibilidade de existir nas escolas uma aula sobre espiritualidade? Pois é isso, ou pelo menos, quase isso que acontece com a matemática. No livro de Malba Tahan, O homem que calculava, o personagem principal sonha em construir escolas de matemática em todo o "mundo árabe".

De certa forma, esse sonho se tornou realidade. Hoje, no mundo todo, todas as escolas dão aula com fundamentos básicos a partir de Pitágoras, reconhecido, como o pai da matemática. Ele é, sem dúvida, o Avatara mais conhecido. É o único que teve seus ensinamentos divulgados por toda sociedade ocidental.

Sua biografia contém algumas divergências sobre o ano de nascimento, o de sua morte, etc. Entretanto, não devemos nos ater a informações que não são determinantes na sua trajetória de vida. É preciso reconhecer os indícios mais importantes, como por exemplo, o fato dele inaugurar a escola de Crotona aos 40 anos. Alguns autores dizem que foi por volta dos 50 ou 55 anos, mas essa diferença é conseqüência das variações em suas datas de nascimento.

Entretanto, a idade de 40 anos é fundamental como indicadora de maturidade espiritual, ou seja, indica que sua iniciação espiritual alcançou um patamar que o permite lançar luzes sobre outros horizontes. Esse número é o da quantidade de anos da travessia de Moisés com seu povo pelo deserto e é também o mesmo, expresso em dias, referente ao tempo que Jesus ficou jejuando no deserto.

Ainda hoje é voz corrente que o número 40 anos indica a idade da razão. É o momento em que a realização como ser humano assume um aspecto maior, mais amplo do que ter uma profissão e ter dinheiro para sobreviver, a maturidade inclui decisões mais acertadas e escolhas menos sofridas. É como se nos norteasse na Rosa dos Ventos tendo a visão do todo - Tão - que nesse caso é simbolizado pelo zero.

Outro aspecto interessante é a afirmação, feita por historiadores, que Pitágoras fazia seus pronunciamentos detrás de um biombo. É bem certo que esse ocultamento da personalidade seja devido à sobreposição da função sacerdotal ao ser humano, tal como pode ser encontrado em outras teogonias quando se reconhece que a função exercida em determinado momento não deve ser perturbada por quem a está exercendo.

Esta idéia adquire maior sustentação quando voltamos o olhar para o Egito antigo, mais especificamente para a região de Menfis, onde reverenciavam Ptah ou Ftah, que segundo a tradição, criara o mundo por atos "do seu coração e da sua língua", ou usando as palavras da Igreja Católica, através do verbo criador. O culto a Ptah era realizado, como em todos os casos, pelos sacerdotes também chamados de "Goros". Esse termo, unido a "Ptah", resulta no nome "pitágoras".

Portanto, a vida desse Avatara precisa ser compreendida pelo simbolismo que ele mesmo indicou. Ptah é a divindade dos "criadores", ou seja, dos artistas e artesãos do Egito. A realização das "coisas" ocorre pelo conhecimento das energias contidas em seus nomes. Pronunciar um discurso é fazer reverberar determinadas idéias. Cantar é proclamar verdades "aos quatro ventos".
O nome de cada pessoa é um mantra que a identifica perante o universo. Além disso, ele contém um código numerológico com as principais características, dificuldades e virtudes. O conhecimento desta genética é um forte aliado para enfrentar o mundo onde você vive. Caminhar, lutar, sobreviver, amar, etc, se tornam tarefas especiais quando são colocadas dentro de um significado maior. Ao mesmo tempo que ter uma direção consciente na vida é imprescindível para toda realização. "Um navio sem rumo, não pode chegar a lugar algum".