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RECICLAGEM: A RIQUEZA SUBJACENTE NA RODA DA VIDA

Otávio Azevedo

O poder de depurar, transformar e explorar os imensos poderes inerentes ao âmago da matéria serão questões cruciais na "Era de Aquário", onde o signo de Escorpião estará no ponto culminante, o Meio-Céu simbólico desta era entrante, orientando as metas sociais e políticas do Novo Homem.

Tradicionalmente associado ao poder e às transformações, este signo é o mais misterioso do Zodíaco. Regendo o lado mais profundo e regenerador da vida, não é de se admirar que o ciclo mais importante da natureza esteja intimamente associado ao signo de Escorpião: é a roda da vida, no eterno ritmo de nascer, morrer e renascer, o contínuo processo de adaptar a matéria aos vôos evolutivos do espírito.

Vinculado a áreas tão poderosas, Escorpião encerra essa imensa possibilidade regeneradora: a reciclagem. Esta palavra - que significa recompor ciclos - aponta para a própria ação econômica da Natureza. Para que isso se cumpra, tudo deve nascer, morrer e renascer. Tudo se recicla, se transforma para servir à vida e, neste sentido, não existe realmente um lixo. Aquilo que chamamos de lixo, assim como tudo que se deteriora e se decompõe, é o processo da morte que se estabelece quando algo já cumpriu seu papel, já desempenhou sua missão, e deve então devolver à Natureza a matéria que pegou emprestada, para que esta possa ser reaproveitada, e o espírito ali contido possa encontrar novos meios de se manifestar.

No simbolismo astrológico Escorpião é regido por Plutão, planeta cuja ação inicia por destruir uma estrutura, e então cria uma nova no lugar. Das cinzas emerge a fênix, simbolizando que uma forma se foi e o espírito ali contido se libertou, mas a vida não se extinguiu: esta é eterna e continuamente busca novos meios mais adequados à sua manifestação.

Este ciclo de morte, destruição e renovação vem sempre acompanhado de intensos poderes. Plutão é o símbolo de todas as profundidades, de todas as metamorfoses. Se por um lado preside a destruição e transformação das formas, por outro lado, mediante a liberação da energia sexual, cria a vida. Mas, para isso, precisa tomar matéria da Natureza... Uma matéria que já participou da vida de inúmeros corpos, formas, entidades. Tudo e todos somos feitos do pó das estrelas, num processo que não tem fim. O ciclo da vida é uma reciclagem contínua e os indivíduos que conscientemente desenvolvem a proposta de Plutão são aqueles que se afinam com as atividades de reciclagem. A percepção de que não existe um "fim" para as coisas, de que tudo se compõe de ciclos de vida, morte e renascimento, leva as pessoas identificadas com este processo a promoverem a reciclagem dos materiais e objetos, facilitando este ciclo no nível material da vida. Aqueles que reciclam são os que estão, de um modo geral, mais bem preparados para morrer. São pessoas que compreendem intimamente a continuidade, a "roda" da vida, demonstrando-a nas próprias atitudes. Aceitam e estimulam as transformações, e participam ativamente do processo.

A reciclagem, além de desenvolver uma nova consciência na raça humana, colabora com a preservação da Ecologia e do meio ambiente. Faz com que o processo de "reutilização da matéria" se agilize, controlando a fase de deterioração, um dos principais agentes da poluição e degradação da Natureza. Se o Novo Homem não se imbuir da consciência da reciclagem, não poderá haver futuro para a Terra. E a reciclagem oculta, na sua essência, uma enorme riqueza. Não é à toa que o petróleo, o ouro, o diamante, são, em última instância, o resultado da alquimia da Natureza, que sabiamente aproveita o seu lixo para transformá-lo em explendorosas riquezas. A reciclagem é um ato de alquimia, seja a que aplicamos sobre a matéria ou à nossa mente, às nossas emoções, ao nosso mundo. Saber reciclar, ter espírito de reciclar, é ter a chama divina desenvolvida, posto que a criação do Cosmos nada mais é do que a reciclagem do Todo.

Entre as pessoas imbuídas deste espírito, encontram-se desde grandes empresários aos catadores de lixo. Mas seja qual for a atividade, reciclar é se colocar no ritmo da Natureza, é colaborar com o Cosmo, é prezar a ecologia e a vida da nossa Grande-Mãe Terra.