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A MEDITAÇÃO NO DIA-A-DIA .:. Parte IV

"Técnicas de Meditação: Os Mapas do Tesouro”"

Paula Salotti

Se precisasse sugerir a alguém o que fazer para alterar ou elevar a consciência, eu lhe diria para praticar a prece e a meditação. Não conheço nada melhor. Somos os guardiões de uma pequena parte da Energia Criativa. E precisamos administrá-la. Precisamos trabalhar com ela todos os dias. Na meditação e na prece permitimos que essa energia volte à união com as Energias Criativas do universo. Acho que essa é a graça e o amor de Deus. Está constantemente à nossa disposição e nós a tocamos quando fazemos nossa consciência voltar ao nível em que pode se relacionar com ela. Para mim, é isso que quer dizer meditação, prece e quietude da sintonia. Não há nada no universo, nada que eu tenha experimentado, que seja mais eficaz.
Edgar Cayce

Chegamos a última parte do ciclo de matérias sobre a meditação e finalizamos essa série com as diversas técnicas disponíveis para que acessemos esse maravilhoso estado do ser.
Hoje em dia, muitos são os caminhos apresentados. Técnicas diferentes, que na essência possuem uma proposta comum: proporcionar um passaporte para que mergulhemos no espaço sagrado que existe em nosso interior. Entendemos que técnicas diferentes são necessárias, pois mesmo buscando algo em comum, somos seres diferentes em ritmo, energia, bagagem e, o que para uma pessoa pode trazer uma experiência divina, para outra é algo totalmente insignificante.
O mais importante é encararmos tais técnicas apenas como ferramentas que nos ajudarão a entrar no caminho, sabendo que em um determinado momento terão que ser abandonadas. Sons, luzes, palavras, orações, ambientes, etc, quando bem utilizados são facilitadores, mal utilizados, são muletas que criam apenas mais condicionamentos, e nos afastam do principal objetivo da prática da meditação que é a libertação dos padrões aprisionantes.

Facilmente confundimos meditação com concentração. Concentração faz parte do processo da meditação, mas não é a experiência em si. Aliás, traduzir o que é meditação é algo impossível, já que qualquer tradução viria da mente - e a mente, por melhor e mais inteligente que seja, é sempre limitada em seus conceitos. Por isso, a experiência da meditação é individual, exclusiva, e só pode ser vivenciada na prática.
Podemos resumir a prática da meditação em 3 estágios. São eles: Relaxamento - Concentração - Meditação.

ESTÁGIO 1 - RELAXAMENTO: Quando nos sentamos para meditar, é fundamental criarmos um estado de relaxamento físico e mental. Por isso a maioria das práticas tem início com uma conscientização do processo de respiração. Muitas levam nossa atenção às áreas do corpo físico, para que através de movimentos de contração, soltemos as tensões aprisionadas. Muitos nessa fase gostam de fazer exercícios em pé, como asanas do yoga, movimentos rítmicos ou danças que soltem o corpo.
Durante esses processos, onde o ambiente deve estar tranqüilo, com músicas suaves e incenso, vamos pouco a pouco nos desligando das tensões físicas e mentais.

ESTÁGIO 2 - CONCENTRAÇÃO (MENTALIZAÇÃO OU VISUALIZAÇÃO) : Com o corpo relaxado, passamos a tarefa mais complexa: domar a inquieta atividade mental que produz incessantes diálogos entre os personagens que nos habitam. Para que a mente se aquiete é necessário que sua energia seja direcionada, focada num ponto, para que não haja dispersão. É nesse estágio que entram os mantras ou palavras muitas vezes sem um significado conhecido, que serão repetidas infinitas vezes. Repetir o mantra é quebrar o padrão mental de livre associação que dispersa totalmente a energia.

ESTÁGIO 3 - MEDITAÇÃO: Podemos dizer que este estágio é apenas uma conseqüência dos outros dois. Nada nos garante que a ele chegaremos. É comum em muitas práticas ficarmos apenas nos dois primeiros - relaxamento e concentração. Mas muitas vezes, experimentaremos a maravilhosa experiência que é acessar a diluição de nossos limites e fronteiras. É um estado indescritível e não necessariamente irá durar todo o tempo da meditação. Muitas vezes essa dissolução ou o estado de meditação é experimentado durante frações de segundos, mas trazendo experiências que valem para toda a vida.
É comum que durante essa experiência, a mente não acostumada a perder o seu posto, nos traga de volta a superfície, através de contatos com ruídos externos, desconfortos físicos, emoções que afloram, etc. Mas paciente, entendemos que quando isso ocorre é hora de voltarmos ao segundo estágio, continuando essa empolgante tarefa de domar a fera que nos habita - repetindo o mantra, respirando, relaxando.

Listamos a seguir algumas das principais técnicas utilizadas para que o mergulho na meditação seja feito e sugerimos que sejam todas experimentadas com disciplina e regularidade, para que seus efeitos possam de fato ser percebidos.

"TÉCNICAS DE MEDITAÇÃO:
OS MAPAS DO TESOURO"

Muito praticada no Zen Budismo, a meditação em ação propõe que façamos da nossa vida uma prática constante de meditação. A plena atenção nos mínimos detalhes transforma cada atividade cotidiana em algo sagrado e divino. Exercitamos a plena atenção quando prestamos atenção como observadores em tudo que se passa em nosso interior e exterior.
Plena atenção ao andarmos, respirarmos, trabalharmos, comermos, etc. Com esse enfoque criamos uma integração total com cada ato e não estaremos em contato com o sagrado apenas quando estivermos em um templo. Especialmente em tarefas cotidianas, onde muitas vezes ligamos o automático e deixamos a mente divagar, a proposta é que fiquemos totalmente presentes. Seja lavando a louça, tomando banho, varrendo a casa, percebemos cada gesto, cada movimento, e podemos sentir a beleza e a inspiração que está sempre presente na vida, mas que pela ansiedade de chegarmos em algum lugar que nem nós mesmos sabemos onde fica, não assimilamos o valor de tudo que nos cerca.

Pare, respire e... pronto! Você está meditando!!!
Quantas e quantas vezes num dia agitado, não sentimos uma incontrolável vontade de jogar tudo para o alto! Engolidos por um excesso de solicitações que nos sufocam, acabamos tendo explosões, crises ou doenças, que nada mais são que um mecanismo de auto defesa, para extravasarmos as energias represadas.
As Meditações Breves são muito simples e são utilizadas exatamente para que o acúmulo da tensão não chegue a esse ponto crítico.
Ao longo do dia, basta entrarmos em qualquer ambiente onde possamos ficar sozinhos e fixarmos o olhar em algum ponto distante. Olhando para o nada vamos respirando, respirando, respirando... e pronto! Magicamente algo mudou... para melhor. Simples assim.
É interessante observarmos que, espontaneamente, em períodos muito tensos, já fazemos meditações breves, ou Paradas Estratégicas, como também são chamadas - aquele desligamento súbito que chega no meio de uma atividade. Mas ao fazermos de forma intencional e consciente aproveitaremos muito mais seus efeitos.

Os sons são maravilhosos facilitadores do estado meditativo. Notas contínuas concentram e direcionam a energia, facilitando o acesso às experiências extra sensoriais. Sons específicos podem alinhar nosso campo sutil, trazendo o que chamamos de coerência energética.
Quando nossa energia está fragmentada por sentimentos, desejos e pensamentos muito diversos, a experiência da meditação é quase impossível, já que cada parte do nosso ser nos leva a algo diferente. O som correto pode unificar e direcionar a energia, abrindo os canais de sensibilidade e percepção.

Cantar é tão maravilhoso como repetir um mantra para entramos em meditação. Os cantos devocionais em grupo abrem o canal entre o chakra cardíaco e o laríngeo, fazendo com que ao expressarmos em palavras os nomes sagrados, criemos uma atmosfera de luz que quebra resistências e medos. Mesmo que iniciemos a prática cantando timidamente, a energia do ambiente nos envolverá de tal forma que estaremos rapidamente cantando com o coração, celebrando o momento e experimentando a dissolução de todas defesas do ego.

Uma prática maravilhosa para entrarmos em contato com a inteligência intuitiva que nos habita é a meditação embalada pelo ritmo dos batimentos cardíacos. Sua prática é simples e pode ser realizada em qualquer ambiente e situação. Depois de estabilizarmos o ritmo da respiração, através de inspirações profundas, retemos o ar, procurando sentir os batimentos cardíacos pulsando por todo o nosso corpo. O ar fica retido durante o tempo em que estivermos nos sentindo confortáveis. Expiramos e repetimos a experiência.
Ouvir e sentir o coração pelo corpo desperta uma conexão profunda e especial com o coração do universo.

A teoria da Visualização Criativa parte do princípio que podemos reagir com o corpo e com a mente a uma realidade que nós criamos, mesmo que esta mesma realidade não exista no plano denso.
Experimentar isso é simples. Feche os olhos e visualize um limão sendo pingado em sua boca. Mesmo sem ter o limão físico presente, todo o seu corpo se prepara para saboreá-lo, produzido no corpo a salivação e a sensação física que o gosto do limão provocaria.
Assim, entendemos que nosso corpo reage não apenas aos acontecimentos "reais", mas também aos imaginários, e quanto mais conseguirmos criar a condição desejada de vida - seja física emocional, mental ou espiritual, mais o nosso ser reagirá a ela, preparando-se para recebê-la.
Assim como fazemos o exercício com limão - criando o limão, sentindo o limão e depois deletando o limão se quisermos - podemos fazer isso com a saudade, a tristeza, a angústia e todos as situações que nos dominam e nos desequilibram.
Quando podemos pensar na emoção, classificá-la e rotulá-la, é porque ela já saiu do corpo emocional e está no campo mental. No corpo mental já temos o livre arbítrio, no emocional não. Pense num limão. Construa o limão.
Agora desintegre o limão.