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MITO E ASTROLOGIA

Rubia Coelho

Os pais costumam ensinar aos filhos como é a vida, relatando-lhes as experiências vividas em suas juventudes, os erros e acertos do caminho. Num sentido mais amplo temos, como delineador de padrões para orientação existencial, histórias que usam recursos de imagem e fantasia, ajudando-nos a compreender melhor nosso posicionamento no mundo. Essas histórias são os mitos, inesgotável fonte de símbolos, que nos mostra através dos arquétipos de Herói, Criança, Mãe e outros, um modelo primitivo, inato em todos nós. Ao estudante de Astrologia é sempre bom lembrar a necessidade de se conjugar o estudo desta matéria com outras, para bases mais sólidas e maior domínio do assunto. A Astrologia não pode bastar por si só, já que ela é apenas um meio e não o Fim do anseio de nossa alma. Ela não é e nem nunca foi uma disciplina autônoma e completa, que contivesse em si seu próprio fundamento. Ao lado do estudo da Astrologia, o iniciante deve tentar também se alimentar de filosofia, lógica e, especialmente, mitologia, num esforço de desmistificar conceitos errôneos que possam comprometer o encontro consigo mesmo e com o divino que habita em cada um.

Por que estudar mitologia? Ora, quando se desenha a mandala do mapa, recorremos à cálculos precisos, com base nas efemérides, para registrar o "retrato do céu" na hora do nascimento de alguém ou algum evento. Não precisamos inventar nada. Está tudo alí e, em qualquer lugar do planeta o cálculo vai ser sempre o mesmo, não se alterando. E quando vamos interpretar? Como fica? A gente "sente" alguma coisa? Baixa uma espécie de santo (axé!) para ir dando as dicas? Vamos na intuição e coragem? Como podemos ter uma interpretação uníssona entre todos, sem erros de individualismos e com bases fincadas em raízes profundas e corretas? Se não se inventa na órbita, porque inventaríamos na interpretação? Se vamos fazer uma leitura de símbolos e trabalhar com eles, como desprezar justamente o conteúdo que gerou esses símbolos? Se os planetas e signos têm histórias, mitos, arquétipos, porque não estudar e interpretar esses signos e planetas à luz dessas histórias? Essas histórias são justamente os mitos. No nosso caso, os mitos gregos.

Assim, para que pudessem relembrar histórias vividas por deuses e heróis, os antigos usavam os desenhos que os astros fazem no céu, como sinais de experiências que deveriam estar presentes em toda a vida. São o que chamamos de catasterismos (transformação de pessoas, bichos e objetos em constelação).

Ao conhecermos os mitos dos signos e dos planetas e dissecarmos os fortíssimos símbolos embutidos em cada história, nossa compreensão se amplia, assim como a possibilidade de se tornar um melhor intérprete do Céu, além do estímulo da deliciosa vivência de procurar no mito a verdade da vida, confrontando as dificuldades e, ao mesmo tempo, possibilitando explorar lados adormecidos da nossa personalidade.