Sri Aurobindo nasceu em 15 de Agosto de 1872, na cidade de Calcutá, na Índia. Em 1879 foi levado à Inglaterra, fazendo ali todos os estudos elementares e superiores, em particular no King's College de Cambridge.
Dominando o inglês com perfeição, que sempre foi sua língua literária, aprendeu também grego, latim, francês, alemão e italiano, voltando à Índia em 1893, dono de uma sólida cultura clássica. De 1895 a 1906 esteve a serviço do marajá de Baroda, situação que lhe permitiu aprofundar o estudo do sânscrito e da tradição espiritual de sua pátria e iniciar-se no ioga.
Em 1906, tão logo foi designado como diretor do Bengal National College, consagrou-se à causa da nação hindu, o que o levou à prisão. Por esta época sofreu o choque psíquico que deveria conduzí-lo à total realização espiritual. Compreendendo que a causa nacional devia nutrir-se das mais elevadas energias espirituais, em 1910 retirou-se da vida política ativa, estabelecendo-se em Pondichery (Índia francesa), fora da influência britânica. Ali fundou a importante revista Arya, na qual apareceram várias de suas obras e, em 1926, o famoso ashram que leva o seu nome, rodeando-se de um grupo de discípulos entre os quais se sobressaiu Mirra Richard, esposa do explorador francês Paul Richard, continuadora de sua obra e chamada por Ghose "a mãe". O resto da sua vida, que passou em Pondichery, dedicou-se à meditação e à preparação de seus livros.
Sri Aurobindo foi um dos maiores místicos da Índia e erudito comentarista das escrituras sagradas indianas. Seu pensamento pode ser situado dentro de uma perspectiva universalista e sincretista: para ele, nenhuma filosofia, religião nem caminho espiritual pode pretender a supremacia exclusiva da verdade eterna. Esta só pode ser revelada mediante sínteses sucessivas que contém sempre um elemento temporal que é superado. As doutrinas antigas são respeitáveis na medida em que constituem a base de um ideal mais amplo. Em sua melhor obra, "A Síntese da Ioga", ele define uma ioga integral, cujo objetivo é a "manifestação na experiência pessoal da verdade que a Natureza universal ocultou dentro de si mesma".
Em suas lutas políticas, ao contrário de Gandhi, adotou uma atitude resolutamente positiva no que se refere ao progresso técnico e à reação à violência. Em 1940, quando Gandhi, sob o bombardeio da Luftwaffe, dirigiu uma mensagem aos ingleses, conclamando-os a não resistirem pela violência aos ataques alemães, Aurobindo assumiu a posição dos aliados. "A guerra e a destruição - disse ele na época - são um princípio universal que governa não apenas nossa vida puramente material, como também nossa existência mental e moral. O homem não pode dar um passo à frente sem uma batalha. Não basta ter mãos limpas e almas imaculadas para que a lei da guerra e da destruição desapareçam do mundo; é preciso, primeiro, que o que está em sua base desapareça da humanidade."
Aurobindo faleceu em 5 de dezembro de 1950, sucumbindo a uma crise de uremia. Dois dias e meio depois de obtida a permissão para o sepultamento - sendo que, em circunstâncias análogas e nas condições climáticas do Oriente, o corpo escurece rapidamente antes de se decompor - seu corpo conservava a mesma bela cor dourada que o caracterizava em vida.
O mapa natal de Aurobindo enfatiza o elemento Fogo, presente no Ascendente, Sol e Lua. Indicações de um ser que cultiva o ideal em busca da transcendência. A forte presença de Júpiter no Ascendente, bem como a Lua em Sagitário, o levaram cedo a um empreendimento cultural, onde viajou para aprimorar sua cultura e domínio de vários idiomas. Posteriormente aprofundou-se também no Sânscrito e no conhecimento das escrituras sagradas do seu país, o que tornou-o um dos sábios mais cultos de sua terra. Além disso, Aurobindo canalizou este Júpiter em Leão através dos jornais e revistas que fundou, e tornaram-se dos mas importantes no seu tempo.
O Sol na Casa-01 traz enorme vitalidade. Yogananda, em Los Ângeles, também apresentava o Sol relocado na linha do Ascendente, e em ambos os casos, após o falecimento o corpo não deteriorava. É claro que a causa direta deste fenômeno está relacionada à intensa prática da Ioga. Plutão no Meio-Céu, regendo a Casa-04, trouxe o interesse e participação na vida política do seu povo. O trígono deste Plutão a Saturno reflete suas posições assumidas, aceitando a guerra (Plutão) como parte da realidade (Saturno), e não relegando-a à sombra coletiva. De fato, se verificarmos o resultado da política da "não-violência" proposta por Gandhi, talvez possamos compreender porque a Índia é hoje um dos países mais violentos do mundo, especialmente em decorrência dos conflitos étnicos. O assassinato de Gandhi, os massacres que marcaram a divisão da Índia, quando da proclamação da independência, a transferência de milhões de pessoas que ela exigiu, a própria guerra de Cachemira, testemunham a ambigüidade de uma atitude, que, a despeito de sua nobreza, conserva-se à superfície das coisas, não chega a medir a potência exata das forças de sombra e permanece, apesar de seu aparente sucesso, uma das empresas mais discutíveis do século 20.
O mapa de Aurobindo também se caracteriza pela forte presença de trígonos, aspectos que se relacionam ao elemento fogo. Temos, portanto, um ser que vive para realizar ideais, e transformar a vida num romance. Talvez por isso, Aurobindo tenha compreendido que todos as facetas que compõe a existência são importantes na história do homem, que o bem e o mal fazem parte do caminho na eterna busca de transcendência.
Abordagem sobre o mapa astrológico de Sri Aurobindo por Otávio Azevedo.
