Artigos

OS DOZE TRABALHOS DE HÉRCULES

Sexta Tarefa: "A Tomada do Cinturão de Hipólita" (Virgem)
Marilda Bourbon

Foi dado a Hércules como 6o trabalho buscar o cinturão de Hipólita, a rainha das Amazonas. Esse cinturão tinha sido dado à rainha por Vênus.

Hipólita vivia nas costas do grande mar. Ela reinava sobre todas as mulheres do mundo. Elas eram suas vassalas e guerreiras destemidas. Em seu reino não se encontrava nenhum homem. Só as mulheres, reunidas em torno da sua rainha. Faziam adorações diárias no templo da Lua e realizavam sacrifícios a Marte, o deus da guerra. Anualmente realizavam uma visita aos abrigos dos homens. De volta de uma dessas visitas, elas aguardavam a palavra de Hipólita, sua rainha, que se encontrava na parte mais alta do templo junto ao altar, envergando o cinturão que lhe fora dado por Vênus. Este cinturão era um símbolo da unidade conquistada através da luta, do conflito, da aspiração, um símbolo da maternidade e da geração da criança sagrada.

Hipólita dirige-se às suas guerreiras e diz: "Ouvi dizer que está a caminho um guerreiro, cujo nome é Hércules, a quem eu devo entregar este cinturão que eu uso. Deverei obedecer à ordem, oh amazonas, ou deveremos combater a vontade dos deuses?"

Enquanto ouviam essas palavras, chega a informação que Hércules já se encontra do lado de fora do templo, para tomar o cinturão sagrado da rainha.

Hipólita dirige-se ao encontro de Hércules e ele luta com ela, não ouvindo as palavras que ela procurava dizer. Ele arranca o cinturão dela sem reparar que ela, de mãos estendidas, lhe oferecia a dádiva, símbolo da unidade e amor, de sacrifício e fé. Tomando-o ele a fere, matando quem lhe entregava aquilo que ele exigia. Enquanto estava ao lado da rainha agonizante, triste pelo que fizera, ouviu uma voz lhe dizer: "Por que matar aquilo que é necessário, próximo e caro? Por que matar a quem você ama, a doadora das boas dádivas, guardiã do que é possível? Por que matar a Mãe da sagrada criança? Novamente registramos um fracasso. Novamente você não compreendeu. Ou redimirá esse momento ou se perderá."

Hércules, colocando o cinturão junto ao peito, buscou o caminho de casa, deixando as amazonas se lamentando pela perda da liderança e do amor.

Hércules chega de volta às costas do grande mar. Perto da praia rochosa ele vê um monstro das profundezas, com uma mulher presa em suas mandíbulas. Era Hesione. Seus gritos chegam até Hércules, perdido em remorsos e sem saber qual caminho seguir. Ele resolve ir em sua ajuda, mais muito tarde, pois ela já havia sido engolida pelo monstro. Mas Hércules, esquecendo-se de si mesmo, nada até o monstro que abre mais uma vez sua boca e o engole. Descendo até o fundo do túnel vermelho de sua garganta, Hércules busca Hesione, encontrando-a no fundo do estômago do monstro. Com a mão esquerda ele a agarra e a sustenta junto de si, enquanto com sua espada abre caminho para fora do ventre do monstro. Assim, ele a salva, equilibrando sua ação de matar Hipólita. Assim é a vida: um ato de morte, um ato de vida.

Termina, assim, o sexto trabalho, e Hércules mais uma vez ouve uma voz que lhe diz: "O sexto trabalho está completo. Você matou aquela que o admirava e lhe deu amor e poder. Você salvou aquela que precisava de você e, assim, novamente, os dois são um".

Significado do Trabalho

É interessante notar que nos dois trabalhos em que Hércules - apesar de vencedor - se saiu mal, foram com os opostos polares femininos. Em Áries, o domínio das éguas antropófagas de tal maneira influenciou o seu ego que ele, cheio de orgulho, deixou as éguas por conta de Abderis e com isso ocasionou a morte do amigo. Em Virgem ele mata a rainha das amazonas, embora ela lhe oferecesse o cinturão, e então ele teve que salvar outra donzela, Hesione, para compensar a vida que ele havia tirado desnecessariamente.

O grande significado do 6o trabalho é o da dualidade da humanidade. A guerra entre os sexos, o bem e o mal, o vício e a virtude. É no signo de Virgem que é dado por Hércules o grande passo para a espiritualidade.