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OS DOZE TRABALHOS DE HÉRCULES

Quarta Tarefa (Câncer): "A captura da Corça"

Marilda Bourbon

Eristeu manda que Hercules capture a Corça de galhada de ouro.

Ártemis, a deusa da lua, reclama a corça como sua, mas Diana, a caçadora, também o queria e ambas disputavam a sua posse.

Hércules parte para a captura da Corça. Persegue-a durante um ano inteiro, vagando de uma floresta para outra, vendo-a num rápido relance para em seguida perde-la. Os meses se passavem e ele não conseguia agarra-la. Até que um dia ele viu-a, dormindo exausta à margem de uma lagoa. Hércules lançou uma flecha e feriu-a no pé, ela não se moveu, ele foi até ela, tomou-a nos braços, e enlaçou-a junto ao seu coração, enquanto Ártemis e Diana observavam.

Teminou a busca, gritou ele. A corça é minha. Então ouviu uma voz: "Não, não é, oh Hercules. A corça não pertence a um filho do homem, mesmo embora sendo um filho de Deus. A corça terá que ser levada para o santuário e deixa-a lá.

Então levou Hércules a corça para o santuário, carregou-a para o centro do lugar santo e lá a depositou . Notando o ferimento causado por sua flecha, no pé da corça, conclui que ela era sua por direito de caça e bradou, ela é minha.

Ártemis que se achava no pátio externo do santuário ouviu e disse: "Não, não é. A corça é minha, sempre foi minha. Eu vi sua forma, refletida na água, eu ouvi seus passos pelos caminhos da terra, eu sei que a corça é minha, pois todas as formas são minhas".

Do lugar sagrado falou o Deus-Sol (Apolo): "A corça é minha não tua, oh Ártemis. Seu espírito está comigo por toda a eternidade, aqui no centro deste santuário sagrado. Tu Ártemis não podes entrar aqui, mas sabes que eu digo a verdade. Diana pode entrar por um momento e contar-te o que vê.

A caçadora entrou no santuário e viu a forma daquilo que fora a corça, jazendo diante do altar, parecendo morta. Com tristeza disse: Se seu espírito permanece contigo Apolo, então sabes que a corça esta morta. A corça foi morta por Hercules. Por que ele pode passar para dentro do santuário enquanto nós esperamos pela corça lá fora"?

"Porque ele carregou a corça em seus braços, junto ao coração, e a corça encontra repouso no lugar sagrado, e também o homen. Todos os homens são meus. A corça é igualmente minha; não vossa, nem dos homens, mas minha."

Hercules retira-se a e ouve uma voz: Vai olhar de novo entre os pilares do Portão". Para sua surpresa via-se entre eles uma esguia corça. Surpreso ele indaga a voz: "Realizei a prova como a corça esta de volta?" A voz lhe responde: Muitas e muitas vezes precisam todos sair em busca da corça de galhada de ouro e carregá-la para o lugar sagrado, muitas, muitas vezes"

Significado do Trabalho

A corça que Hércules procurava era sagrada para Ártemis, a lua, disputada por Diana e Apolo o Deus-Sol.

É necessário lembrar que não existem distinções nítidas entre os vários aspectos da natureza do homem, mas que todas são fases de uma única realidade. As palavras instinto, intelecto e intuição, são apenas aspectos variados da consciência e da resposta ao meio e ao mundo no qual nos encontramos.

Diana , a caçadora reclama a corça porque para ela é o intelecto e o homem o grande buscador.

Porém a corça tinha uma forma mais esquiva, e era esta que Hércules buscava a intuição espiritual.

Ártemis julgava na corça apenas o instinto.

Nesse trabalho Hércules aprende a usar o intelecto sob a influência de Diana, a caçadora, a filha do sol, e por meio dele entrar em sintonia com o mundo das idéias. Ele tem que aprender a levar essa capacidade que possui para o Templo do Senhor e lá vê-la transmutada em intuição, e por meio da intuição tomar consciência das coisas do espírito e daquelas realidades espirituais que nem o instinto, nem o intelecto lhe podem revelar.

O signo de Câncer representado nesse trabalho significa um dos dois grandes portões do zodíaco. É o portão para o mundo das formas, para a encarnação física, e o signo onde a dualidade da forma e da alma é unificada no corpo físico.

Capricórnio o seu oposto é o portão para a vida espiritual.