Artigos

OS DOZE TRABALHOS DE HÉRCULES

Sétima Tarefa (Libra): " A Captura do Javali de Erimanto" Marilda Bourbon

Na montanha de Erimanto havia um Javali que estava destruindo tudo ao seu redor. A Hercules é dada a tarefa de capturar o javali. Apolo lhe presenteia com um arco novo para usar, mas Hércules prefere não leva-lo para a tarefa, pois teme mais uma vez matar como aconteceu no 6o trabalho. E assim desarmado, a não ser com sua clava, ele escala a montanha, procurando pelo javali e encontrando medo e terror por toda parte. Na subida encontra um amigo Pholos, um centauro, que fazia parte de um grupo que era conhecido dos deuses. Ao parar para conversar Hércules por alguns momentos esqueceu-se do objetivo de sua busca. Pholos convida Hércules para furar um barril de vinho, que não lhe pertencia e sim ao grupo de centauros. Esse barril havia sido presente dos deuses ao grupo e só deverá ser furado quando todo o grupo estivesse reunido. Mas Hércules e Pholos o abriram na ausência dos outros e convidaram Cherion, um outro centauro, para acompanha-los.

Os três beberam e festejaram, ficando bêbados e fazendo muito ruído. Os outros centauros ouviram o barulho e foram atraídos até o local. Enraivecidos eles vieram e travou-se uma feroz batalha e mais uma vez Hércules mata agora os seus dois amigos com quais ele antes havia bebido. E enquanto os demais centauros choravam suas perdas, Hércules escapou novamente para as altas montanhas e recomeçou sua busca ao javali.

Hércules perseguia o javali, mas não conseguia captura-lo. Então resolveu pensar numa forma de pegá-lo, resolveu então colocar uma armadilha cuidadosamente oculta, e então esperou numa sombra escura pela chegada do animal. As horas se passavam e ele ainda esperava, até surgir a aurora. De sua toca o javali surgiu procurando alimento. O javali caiu na armadilha e no devido tempo Hércules libertou a fera selvagem. Ele lutou e conseguiu domestica-lo, fazendo com que ele fizesse e o seguisse por onde Hércules determinava.

Do pico nevado da grande montanha Hércules desceu, feliz levando diante de si, montanha abaixo, o ferroz contudo domesticado javali. Pelas duas pernas traseiras ele conduziu o javali, e todos na montanha riam ao ver cena. Todos os que viam Hércules, cantando e dançando pelo caminho, também riam.

Significado do Trabalho

Antes que Hércules capturasse o javali de Erimanto, ele se sentou à mesa de Pholos e bebeu até que o vinho lhe subisse à cabeça. Nessa ocasião ele era a alma, buscando e encontrando prazer. Para Hércules, como para todos que assumem o trabalho de Libra, o prazer tem que ser equilibrado antes que a tarefa maior do autodomínio (a captura do javali) possa ser cumprida.

Hércules não usa a força bruta ao capturar o javali. Ele arma uma armadilha, espera e aguarda até a fera cair nela por si mesma. Quando o javali se debate na neve ele se vale dessa oportunidade para prende-lo É interessante notar que é característica de Libra evitar um encontro direto, e não gastar mais força que o necessário.

Hércules agarra as patas traseiras do javali e o compele a descer a montanha em suas patas dianteiras, o que excita o riso de todos. Neste fato vemos a habilidade de Libra para encontrar soluções incomuns e perceber o valor do incongruente.

Este é o único trabalho que termina em riso. Não só Hércules cumpre com a tarefa, como faz do feroz javali objeto de ridículo.

A descrição de Hércules conduzindo o javali por suas patas traseiras é uma representação simbólica da alma dirigindo o desajeitado corpo.

Os dois centauros que Hércules matou , Cherion (bom pensamento) e Pholos (força física) significam a necessidade de controlar o desejo não somente pela força física ou pelo pensamento, mas sim pela Vontade (autodomínio).