ASTROLOGIA KÁRMICA:
O TÚNEL DO TEMPO

Paula Salotti

Quando pensamos em Astrologia Kármica é comum imaginarmos que essa abordagem do mapa irá nos revelar o que fomos em outras vidas, em que épocas vivemos e que atividades exercíamos, mas não é bem assim. Somente um astrólogo com um grau de vidência bastante desenvolvido poderia chegar a tal nível de precisão e apontar, com clareza, nomes, locais e situações vivenciados em outras encarnações.

O que a análise kármica nos permite basicamente é traduzir o simbolismo de determinados padrões do mapa e associá-los a situações já vivenciadas, de forma que possamos escolher os caminhos mais adequados à nossa evolução presente. Isto decorre do fato de estarmos trabalhando com um mapa que se refere ao nosso “Eu atual”, e de que o que somos hoje resulta do que fomos e fizemos ontem. Portanto, como diz o ditado: “quem tem memória não repete a história”. Se não identificarmos e nos tornarmos conscientes dessas pulsões do passado, estaremos condenados a viver sob o domínio do inconsciente, repetindo ciclicamente hábitos e situações acostumados.

Além disso, de que adiantaria saber que você foi Napoleão, uma rainha egípcia ou um nobre inglês? Ou mesmo que numa vida recente você teve muito poder e dinheiro? Se não conseguirmos obter uma mensagem para o aqui e agora, acredito que a resposta seja: de nada adiantaria saber.

Assim, a principal finalidade da Astrologia Kármica não é saber o que você foi, mas o que fazer com o que você traz do passado. Por isso, recentemente surgiu um ramo na Astrologia denominado Astrologia Psico-kármica, que alia o enfoque psicológico ao kármico, propiciando uma interpretação interessante, onde o objetivo não é acertar o seu nome ou profissão de outras vidas, mas sim analisar que resíduos do passado estão atuando muito intensamente em sua vida atual, o que você pode fazer de positivo com isso e como poderá transmutar e canalizar estes padrões.

Quanto à análise kármica em si, acredito que o mapa astrológico como um todo é um retrato do karma, já que nascemos com predisposições, dificuldades e talentos que resultam de ações do passado. Contudo, existem alguns pontos que nos informam mais diretamente sobre questões de natureza kármica, que são Saturno, Plutão, a Casa-12, os nodos lunares, os planetas retrógrados e os signos interceptados. A análise isolada e interligada de cada um desses elementos pode indicar um tipo de experiência já conhecida e nos proporcionar algum tipo de orientação. Assim, por exemplo, Plutão na primeira casa em conjunção à Cauda do Dragão (Nodo Lunar Descendente), pode indicar alguém que teve acesso ao poder em alguma vida anterior e não soube fazer um bom uso da situação. Então, esta pessoa pode acabar vivendo este posicionamento alimentando uma situação que não existe mais, o que resulta num temperamento dominador, autoritário, querendo exercer um controle absoluto sobre tudo e todos, não admitindo que nada fuja ao seu comando. Saber apenas que foi um rei poderoso na Atlântida, onde usava seu poder para construir e destruir indistintamente, liderando verdadeiros exércitos com seu poder mental, talvez não seja de muita valia. A mensagem deste posicionamento, para o aqui e agora, é que atualmente esta pessoa irá dispor novamente de poder, mas para aprender a usá-lo de uma forma altruísta e construtiva. Quanto mais conseguir canalizar esta energia adequadamente, sem os ditames do ego plutoniano, mais pleno será o uso deste potencial. Este é o enfoque da Astrologia psico-kármica.