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OS DOZE TRABALHOS DE HÉRCULES

Terceira Tarefa (Gêmeos): "A Colheita dos Pomos de Ouro de Hespérides" Marilda Bourbon

Num longínquo país crescia a árvore sagrada, a árvore da sabedoria, que produzia as maçãs de ouro de Hespérides. Esses frutos eram desejados por todos. Hércules recebe a ordem para procurá-los.

Quando o trabalho lhe é determinado, apenas duas informações lhe são dadas: primeiro que a árvore é muito bem guardada e três donzelas cuidam dela carinhosamente, protegendo os seus frutos. Um dragão de cem cabeças protege as donzelas e a árvore. A segunda é que encontrará 5 provas no caminho. Cada uma delas proporcionará um campo de ação para a sabedoria, compreensão, habilidade e oportunidade.

Cheio de confiança, Hércules pôs-se a caminho, seguro de si, de sua sabedoria e de sua força. Percorreu a Terra à procura da árvore sagrada, mas não a encontrou. Perguntava a todos que encontrava, mas ninguém conhecia o lugar. O tempo passava e ele vagava de um lugar para outro; assim, começou a ficar triste e desencorajado. Foi-lhe então enviado Nereu para lhe auxiliar. Várias vezes ele tenta se aproximar de Hércules para lhe ajudar, mas Hércules não entendia e nem sequer o reconhecia como mensageiro. Nereu fracassa, pois Hércules não reconhece a ajuda sutilmente oferecida. Não encontrando a árvore sagrada no caminho do norte, Hércules retornou em direção ao sul e continuou sua busca. Então Anteu, a serpente, atravessou-lhe o caminho e lutou com ele, vencendo-o. Hércules acha que a árvore deve estar por perto, pois considera a serpente Anteu como guardiã da árvore. No entanto, ele não conseguia vencê-la. Hércules não se conformava com isso, pois, quando criança, destruiu uma serpente em seu berço. Por que o fracasso agora? Lutando novamente, ele agarrou a serpente em suas mãos e levantou-a no ar, longe do chão, vencendo-a.

Cheio de coragem, Hércules continua sua busca. Agora se volta para o ocidente e mais uma vez não encontra a árvore. Nesse momento ele encontra Busiris, o grande arquienganador, filho das águas, parente de Poseidon. Seu trabalho é trazer a ilusão através de palavras de aparente sabedoria. Ele pronuncia belas palavras e Hércules obedece e a cada dia enfraquece mais e se distancia do seu objetivo. Até que o seu amado "mestre" o amarra num altar e o mantém ali por um ano. Repentinamente, um dia, quando lutava para se libertar e lentamente começa a perceber quem era realmente Busiris, ele lembra-se das palavras de Nereu: " A verdade está dentro de ti mesmo. No teu interior há um poder mais elevado, força e sabedoria". Então ele rompeu as amarras, agarrou o falso mestre e prendeu-o no altar em seu lugar.

Hércules parte sem rumo certo para prosseguir a sua busca agora com mais sabedoria.

Repentinamente, um grito de profundo desespero atinge os seus ouvidos. Alguns abutres voam em torno de uma rocha, o que lhe chama a atenção. Ele fica em dúvida de prosseguir o seu caminho ou procurar a pessoa que necessitava de ajuda. Ele resolve então correr em direção ao grito e encontra Prometeu acorrentado à rocha, sofrendo terríveis agonias de dor que os abutres, que lhe devoravam o fígado, lhe causavam. Hércules salva Prometeu e o liberta, continuando a sua busca até que um dia ouve de um peregrino o rumor de que perto de uma montanha distante a árvore seria encontrada.

Hércules então se dirige às altas montanhas do leste, vê o objeto de sua busca e pensa que logo tocará a árvore sagrada. Mas novamente foi tomado por uma imensa tristeza. À sua frente estava Atlas, cambaleando sob o peso do mundo as suas costas. Ele não pedia auxílio e sequer viu Hércules; apenas estava lá, curvado pela dor. Hércules esquece sua busca e retira a carga das costas de Atlas e passa-a para suas próprias costas e eis que então a carga se desprende e tanto ele como Atlas ficam livres. Nesse momento ele percebe que Atlas, com as mãos estendidas, lhe oferece as maçãs de ouro, e com isto termina o trabalho.

SIMBOLISMO DO TRABALHO
Quando Eristeu impõe a tarefa de buscar as maçãs de ouro do jardim das Hespérides, dá a Hércules a oportunidade de fazer surgir a sua mente, até então adormecida, pois a maçã, simbolicamente, representa o fruto do conhecimento do bem e do mal, como nos é mostrado no mito do Jardim do Éden. Com a chegada da mente, veio também o conhecimento da dualidade, da atração dos pares de opostos. Lembramos que no Jardim do Éden foi dado ao homem uma única maçã, símbolo da separatividade, isolamento.

Hércules tinha de tentar obter as maçãs de ouro de outro Jardim, no Jardim das Hespérides, onde as maçãs eram o símbolo da pluralidade e da síntese. Hércules teve que percorrer o planeta inteiro para encontrar as maçãs de ouro (mente), teve que vencer a serpente (miragem e ilusão), suplantar Busiris (falso mestre), no encontro com Prometeu aprendeu a servir e com Atlas despertou a força do amor para assim atingir o controle de cada par de opostos, presentes no signo de Gêmeos.