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SOBRE INSTRUTORES E GRUPOS

Semiriam Fernandes Nogueira

Tenho percebido nos últimos tempos, o número cada vez mais crescente de profissionais, tais como terapeutas, astrólogos, executivos, médicos, profissionais de Recursos Humanos, etc, que começam a trilhar o desconhecido caminho de serem instrutores de suas próprias descobertas, através de cursos, palestras, workshops, e deparam-se com tantas surpresas e dificuldades. No anseio de compartilharem seus conhecimentos, desconhecem a complexidade de administrar esse novo grupo.

Quem já não assistiu a excelentes “mestres das ciências” que no momento exato de explanar suas idéias em palestras ou conferências sentem enorme temor, perdendo grande riqueza no seu desempenho. O que será que aconteceu? O que é realmente um grupo?

Ao contrário de que muitos pensam, o grupo não é um aglomerado de pessoas com o mesmo objetivo. Não podemos ignorar que quando juntamos pessoas, unimos mundos complexos e únicos.

Segundo Schultz: “Para que um grupo funcione eficazmente, é necessário o equilíbrio entre o que está dentro e o que há fora de seus limites. Tais equilíbrios se aplicam tanto ao mundo físico, quanto ao social”.

Os grupos possuem sua própria dinâmica, seu próprio movimento e identidade. Devemos estar atentos em um grupo que se inicia como a um bebê que nasce; é necessário protegê-lo, cuidar muito bem para que não ocorra nenhum dano. Mantê-lo e desenvolvê-lo requer maturidade, aven-tura e limites.

É imprescindível que os profissionais que desejam tornar-se instrutores, tenham um bom preparo e adotem regras fundamentais para a condução de grupos, como perceber a que nível socioeconômico pertencem; adotar uma entrevista prévia individual com cada participante, para poder checar objetivos e aspectos emocionais; escolher a metodologia a ser adotada, conteúdo programático, calendário e tantas outras. É fundamental a responsabilidade na condução de grupos de trabalho e o respeito é a regra nº 1.

É necessário que vejamos o papel do instrutor como o de mais um membro do grupo, evitando assumir o papel de chefe ou aquele que detém o conhecimento, pois se assim o fizer estará, de certa forma, reproduzindo o jogo hierárquico.

Os grupos são como nossas impressões digitais. Nunca se repetem. Estão sempre nos causando sentimentos e aguçando nossas percepções. Não importa o tempo que ficamos com eles, sejam duas horas ou dois anos, eles sempre nos causarão o frio na barriga e um desafio constante.

Alguns grupos são intuitivos e espiritualizados; outros céticos e pragmáticos; expressivos, lúdicos, questionadores; não importa, sempre nos causarão profundas trocas intelectuais, emocionais, energéticas e significativo crescimento interno.

Estou certa de que muitos instrutores alcançariam expressivo sucesso e destaque se buscassem um maior conhecimento dos instrumentos e técnicas grupais, das inter relações, das dinâmicas de grupo, das metodologias e de seu auto-conhecimento, pois um grupo alcança o maior nível de êxito quando coordenados por instrutores que estimulam o feedback, a análise das metas e objetivos, corrigindo sempre os desvios da direção certa.

Enfim, o grupo é uma das alavancas propulsoras para o nosso sucesso profissional e a consolidação das descobertas que unidas formarão um novo milênio.