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PRANAYAMA: A TÉCNICA ENERGÉTICA DOS YOGUES

Cecilia Trinxet

A palavra pranayama se compõe de “prana” e de “ayama”, sendo que esta última significa ‘domínio’. Pranayama é a ciência yóguica do controle do prana no ser humano, observe que não falamos somente no corpo humano, pois o pranayama aponta além do corpo físico. O pranayama é a ciência mais vital, porque afinal de contas todas as energias que se manifestam em forma de vida são de ordem prânica. Conscientemente todo ser vivo manipula o prana, desde seu nascimento até a sua morte. A finalidade do yoga é a de intensificar e controlar conscientemente este metabolismo prânico para duplicar as energias físicas, mentais e psíquicas do adepto. Não podemos traduzir pranayama por exercícios respiratórios ou por controle da respiração, pois isto nos daria uma visão muito pobre do que significa pranayama dentro da prática do yoga, pois o controle do alento não é a finalidade, e sim o meio mais eficaz para controlar e distribuir as energias vitais.

Nosso organismo se encontra em constante interação com o Cosmo impregnado de vibrações energéticas, prânicas. Nós existimos graças ao fato de extrairmos prana do cosmo e os principais órgãos de absorção de prana, em ordem de importância, são : as terminações nervosas das fossas nasais, os alvéolos pulmonares, a língua e a pele. Para os yogues, o nariz é o principal órgão de absorção do prana, pois sabe-se que o ar é o grande alimento do homem: sem ele podemos passar em poucos minutos da vida à morte! Em nosso nariz existem milhares de receptores nervosos muito sensíveis, que captam todas as variações do ar e os variados aromas que provocam uma infinidade de reações em nossos sentidos. Os alvéolos pulmonares permitem a passagem do oxigênio para o sangue, função estritamente de ordem física. A língua é um importante órgão de absorção de prana, extraindo a energia do alimento que entra no corpo. A pele é o tecido que recobre todo o corpo. Ela é extensa e importante na sua função de absorção de energia e, por isso, deve estar sempre em contato com o ar, pois possuí uma enorme capacidade de absorver o prana solar A pele possui também a função de expelir e rejeitar as toxinas acumuladas no nosso organismo.

Uma dos descobertas mais importante dos yogues é a de que o prana obedece ao pensamento. Isto significa dizer que o pensamento concentrado permite absorver uma maior quantidade de prana. Daí a importância do controle mental, pois é a mente quem dirige voluntária e conscientemente a absorção, armazenamento e distribuição do prana no corpo humano.

As finalidades reais do pranayama são a de garantir a integridade do corpo prânico, o seu equilíbrio, o de assegurar em todos os momentos uma provisão de prana necessária, e a de controlar e acumular o prana.

PRÁTICA DO PRANAYAMA

A primeira coisa que devemos fazer ao iniciar a prática de um pranayama é a escolha de uma posição agradável que traga estabilidade e conforto. As melhores posições são as seguintes, segundo seus nomes sânscritos: Padmásana, Samanásana, Vajrásana, Siddhásana, Virásana e Padma Vajrásana. A respiração precisa manter sempre certas qualidades. Ela deve ser profunda, utilizando toda a estrutura ósseo-muscular do tronco, porém sem movimentar os ombros, e deve principalmente utilizar toda a capacidade pulmonar. Deve ser completa, utilizando as três fases da respiração (abdominal, intercostal e clavicular), consciente (estando com a mente sempre presente no exercício), ritmada (pois existe uma relação muito profunda entre o ritmo e a nossa consciência), controlada (devemos evitar ficar sem fôlego), uniforme, lenta, silenciosa, nasal e com a mínima projeção do ar (que significa saber controlar o comprimento do alento que é a distância à qual podemos perceber o ar saindo pelas fossas nasais; quanto menor for essa projeção, maior será o controle do prana ).

A partir da observância desses pontos, podemos iniciar com um pranayama clássico e eficaz para a purificação das nadis (canais por onde circulam o prana), que se chama Nadi Sodhana Pranayama. É uma respiração alternada, sem retenção do ar, com o objetivo de igualar e equilibrar a corrente prânica que passa por ambas as fossas nasais, e, principalmente, de purificar a rede completa de nadis, sem o qual os exercícios dos pranayamas perdem boa parte de sua eficácia.

Sentado em uma posição firme e agradável, como por exemplo em Samanásana (sentar, flexionar a perna esquerda colocando o pé esquerdo bem próximo a pélvis, flexionar agora a perna direita colocando o pé direito a frente do outro - o contrário para as mulheres) que é uma postura fácil para iniciantes, com as costas eretas e as mãos em vishnu mudrá (abra a mão direita, depois dobre o indicador e o dedo médio contra a palma da mão; o polegar, que está livre servirá para tapar a fossa nasal direita, o anular e o dedo mindinho servirão para tapar a fossa nasal esquerda), esvazie por completo os pulmões. Obstrua bem a narina direita e inale pela esquerda. Retenha o ar nos pulmões. Tampe a narina esquerda e exale pela direita. Inspire por essa mesma narina e retenha o ar. Com eles cheios, troque a narina em atividade, expirando pela esquerda. Aqui você completou um ciclo. Faça vários ciclos, lembrando sempre que só deve trocar a narina em atividade com os pulmões cheios e nunca quando eles estiverem vazios.

Efeitos: Este Pranayama é ótimo para revigorar o sistema nervoso, melhorando o rendimento da pessoa a nível intelectual, mantendo a saúde do corpo de modo geral e preparando-o para o processo de despertar da Kundalini através do seu efeito sobre as nadis. Os sinais visíveis desta purificação do corpo sutil são o perfeito estado físico, pele suave e brilhante e muita energia. Om Shanti !