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MITOLOGIA: A PONTE PARA OS MISTÉRIOS INTERIORES

Marilda Bourbon

Dentro dos inúmeros sistemas utilizados no estudo e trabalho com a astrologia, a mitologia (estudo dos mitos gregos, romanos e de outras culturas) é uma grande ferramenta decodificadora dos arquétipos com os quais trabalhamos. Ao interpretarmos um mapa astrológico lidamos com símbolos que estão arquetipicamente gravados na alma humana.Através da Mitologia e seus "contos", podemos entender muito dos nossos sentimentos e comportamentos que teimamos em ignorar, até mesmo como forma de defesa. Em realidade, cada mito não é um "conto", mas, sim, um conjunto de símbolos que nos levam a refletir sobre o significado de situações que ainda não estão bem decodificadas por nós. Sem o estudo da mitologia e do simbolismo torna-se muito difícil estudar e trabalhar com a astrologia. Quando nos referirmos aos planetas é importante conhecermos todos os mitos que cercam o deus que lhes deu o nome.

A mitologia também é um grande auxílio no trabalho terapêutico, pois a verdadeira psicologia torna-se uma práxis arquetípica ao penetrar nas profundezas que subjazem à consciência. Gostaríamos de chamar a atenção sobre os seguintes textos do livro "Édipo, o Solucionador de Enigmas" de Thorwald Dethlefsen:

"Por que cada vez mais pessoas do nosso meio cultural precisam urgentemente de uma psicoterapia e como as pessoas que viveram nos últimos milênios conseguiam sobreviver sem sua ajuda?

Eu acho que os homens de antigas culturas não precisavam de psicoterapia porque tinham outros métodos que satisfaziam de modo muito mais adequado às necessidades da alma humana. Torna-se portanto nítido um retrocesso no desenvolvimento. Não nos tornamos melhores, mas essencialmente piores. É por isso que o homem moderno é psiquicamente mais doentio do que os homens de épocas anteriores. A psicoterapia transformou-se na resposta para uma perda sofrida pela nossa cultura. Sinto mesmo certa timidez em dizer de onde vejo essa perda, pois na nossa consciência moderna estamos bastante orgulhosos dessas "perdas" e são elas que fundamentam a nossa sensação de superioridade. Vejo essa perda nos mitos e em seu culto, aqueles grandes e significativos potenciais energéticos da Antiguidade que, talvez um tanto apressadamente demais, jogamos fora. É por isso, também, que o mito e o culto estão distanciados da compreensão da nossa época, a tal ponto que esses conceitos despertam apenas falsas associações. A mania da nossa época é consentir que a nossa vida e o nosso mundo sejam "desmitificados"; neste sentido, até a a religião cristã vem sendo "desmistificada" pela teologia.

A palavra "mito" veio originalmente de uma conexão bastante diferente. Em grego mythos quer dizer "palavra" estando em polaridade com logos, que também traduzimos por "palavra" e da qual derivamos a nossa "lógica". O verbo correspondente é mitologizar, e significa exatamente "narrar o conteúdo real do fato". O mito, pois, é uma narrativa sobre algo verdadeiro, essencial e concreto, em oposição ao "logos", que se refere muito mais a algo idealizado. O conceito de mito não se referia originalmente a uma história fantástica ou maravilhosa, mas aplicava-se a narrativas bem determinadas, cujas histórias continham a revelação do princípio divino, transcendental ou numinoso. Não é o mito que cria ou revela o divino, mas é o divino que se revela no mito, que através dele torna-se visível."

Gostaríamos de informar que o autor do texto acima é terapeuta e professor de psicologia da Universidade de Munique.

Com este artigo tentamos chamar atenção de todos os estudantes e simpatizantes da astrologia para uma visão mais ampla do estudo dos símbolos contidos na mitologia. Cada um de nós busca inconscientemente vivenciar a nossa lenda pessoal expressa simbolicamente em nossa mandala astrológica. Quanto mais tivermos clareza desses mitos mais próximos estaremos de nossa harmonia.

Marilda Bourbon é astróloga, taróloga e terapeuta vibracional.