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RUDOLF STEINER E A DOENÇA DA VACA LOUCA

Otávio Azevedo*

Quanto mais o mundo evolui cientificamente, mais loucos vão se tornando seus males, a ponto de afetar animais e humanos entrelaçando-os na loucura coletiva. Estamos falando da doença da "vaca louca", que vem apavorando o mundo inteiro, e já causou até mesmo problemas econômicos entre o Brasil, o Canadá e os EUA, apesar de ainda não ter-se constatado nenhum caso de loucura bovina por aqui. Por outro lado, na Europa, a epidemia da "vaca louca" vem trazendo um verdadeiro pânico, gerando o abate massivo de bovinos e uma abstinência compulsória de carne, e abrindo uma crise econômica e social sem precedentes que atinge criadores, abatedores, açougueiros e a rede pecuária européia.

Segundo as autoridades no assunto, a causa provável da doença é a alimentação dos bovinos com farinhas cárneas que faz o gado engordar rapidamente, tornando-o, assim, mais lucrativo. No entanto, o bom Deus ao tornar herbívoras as vacas, não previu que os humanos, sempre ávidos de rentabilidade, cometeriam o sacrilégio de transformar um animal herbívoro em carnívoro.

Os estudiosos atentos do esoterismo já sabiam desta possibilidade desde a década de 20. Em 1923, Rudolf Steiner escreveu: "O que aconteceria, se, em vez de vegetais, o boi se pusesse a comer carne? Primeiramente, ele se encheria de ácido úrico e de urato. Ora, o urato (sal produzido pela combinação de ácido úrico com uma base) tem por si próprio alguns hábitos particulares. Esses hábitos particulares do urato são que eles têm um 'fraco' pelo sistema nervoso central e o cérebro. Se a vaca comesse carne diretamente, resultaria daí uma secreção enorme de urato. O urato iria para o cérebro e a vaca ficaria louca". Estas palavras foram publicadas em 1923, na coleção "Santé et Maladie" (Saúde e Doença).

BIOGRAFIA

Filho de um modesto ferroviário austríaco, Rudolf Steiner nasceu em 27 de fevereiro de 1861, em Kraljevec, na Hungria. Fundador da Antroposofia, visionário dotado de grande sensibilidade, extraordinário erudito e filósofo, Rudolf Steiner foi um dos mais importantes representantes do ocultismo na primeira metade deste século.

Aos sete anos começou a ter visões e sentiu que existiam seres espirituais por trás das formas. Na adolescência conheceu um velho místico herbanário que, segundo alguns, foi seu primeiro guia espiritual. Em 1879, outro mestre o aconselhou a desenvolver sua vidência e aprofundar seu conhecimento das ciências materialistas. Seguindo os conselhos deste mestre, Steiner acabou por adquirir uma penetrante visão do passado e futuro da humanidade através dos registros akáshicos (memória da natureza), mas manteve este dom em segredo até os 34 anos.

Aos 23 anos, trabalhando como preceptor de crianças, Steiner concluiu seus cursos universitários, doutorando-se em Filosofia e obtendo diplomas de Química, Biologia e Física. Nessa época, era muito conhecido nos círculos literários alemães por sua edição comentada das obras completas de Johann Wolfgang von Goethe, onde ressaltava as abordagens científicas do autor de Fausto e os conceitos místicos que permeiam sua obra. Goethe afirmava que a forma das plantas era modulada a partir da folha por energias cósmicas invisíveis para a ciência tradicional. Steiner vivenciou essa mesma tese por meio de suas revelações e concluiu que não haviam motivos para separar o saber oculto do saber científico, pois ambos se completam.

Em 1902, aos 41 anos, começou a fazer conferências e a escrever livros sobre ocultismo, surpreendendo os intelectuais europeus. A Sociedade Teosófica, fundada por Helena Blavatsky, convidou-o ainda em 1902 para dirigir sua seção alemã. Ele aceitou, mas com o tempo passou a considerar a Teosofia excessivamente influenciada pelo orientalismo e por injunções políticas circunstanciais.

Em 1913, Annie Besant, sucessora de Madame Blavatsky, anunciou ter descoberto uma nova encarnação de Cristo na pessoa do jovem hindu Jiddu Krishnamurti. Steiner considerou que essa afirmativa derivava de um engano. Rompeu com a Teosofia e fundou a Sociedade Geral Antroposófica. A Antroposofia é um sistema filosófico que funde ocultismo e ciência, com a finalidade de aperfeiçoar o mundo material com recursos espirituais. Vale-se para isso de muitos campos de atuação: pedagogia, medicina, farmácia, literatura, arte, arquitetura e outros.

A fim de pôr em prática seus princípios filosóficos, Steiner criou em 1919 a Escola Waldorf , a primeira escola antroposófica especializada em educação infantil, que conta hoje com mais de 70 filiais em todo mundo, onde se põe em prática sua concepção educacional. No ano seguinte, na Suíça, fundou o Goetheanum, centro de estudos antroposóficos, cujo nome homenageia o poeta alemão que ele tanto estudara a fundo.

Desempenhando uma atividade febril, o criador da Antroposofia pronunciou mais de 6.000 conferências em todos os continentes e escreveu centenas de livros sobre quase todos os assuntos. Em sua obra existem várias descobertas científicas, que hoje fazem parte do acervo da humanidade.

Steiner faleceu em 1925 na cidade suíça de Dornach, após trabalhar até o último dia em sua obra. Os amigos comentaram que, apesar de seus livros expressarem uma filosofia cheia de esperança, suas feições haviam se tornado cada vez mais tensas, denunciando grande sofrimento interior. Dizia-se que Steiner sabia qual seria o futuro próximo da Alemanha, e nas mãos de que monstros iria cair (nazistas), segredo que não tinha o direito de revelar. No entanto, hoje podemos concluir que Steiner antevia muito mais coisas sobre os desmandos do Homem contra a Natureza.

*Artigo elaborado a partir de notícias de jornais e de extratos da biografia de Rudolf Steiner.