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SIMBOLISMO E MITOS DE SAGITÁRIO E CAPRICÓRNIO

Marilda Bourbon

Sagitário é simbolizado por um centauro, a criatura mítica metade cavalo e metade homem, que atira suas flechas em direção ao céu. Dizer que esse símbolo descreve a luta entre a natureza humana e a natureza animal é pouco.

Podemos dizer que uma metade de Sagitário é força, a outra metade é aquele que usa esta força, isto é, a mente consciente do ser humano. O terceiro atributo (arco e flecha) se refere à direção e ao propósito. O centauro atira para cima, num ângulo de 45o, o símbolo da mobilização máxima das energias.

Os centauros eram filhos de Gaia, a Terra, portanto eram os produtos de uma identificação com as energias desse organismo maior, o planeta. O centauro pode atirar flechas para as estrelas, mas os pés se mantêm na terra, a quem ama porque ela é a sua fonte de energia. A terra é sua fonte de energia, mas ele não está preso a ela. Ele a usa.

Os Centauros eram divididos em duas espécies: os brutos, violentos e cruéis, e os outros, os tranqüilos, justos e menos combativos. Essa polaridade é simbolizada por Issião e Quiron. Issião exprime violência e engano, e Quiron a sabedoria e a luz interior do saber.

O signo de Sagitário é o prelúdio de Natal, ele absorve tudo o que é pequeno no vasto ventre do silêncio, de onde o novo nascimento da força da Luz vai emergir. Ele fecha uma era (Trevas) e abre outra (Luz).

MITOS SAGITARIANOS

Um dos mitos relacionados com Sagitário é de Quiron, o Centauro sábio, mestre de príncipes e heróis.

Quiron era filho de Saturno (Cronos) e uma ninfa (Filira). Para escapar da vigilância de Réia, Saturno transforma-se num cavalo e sai ao encontro de Filira. Ao saber de sua gravidez, Saturno pediu à Ninfa que se escondesse até o nascimento da criança. Quiron nasceu monstruoso: meio humano, meio cavalo. Saturno decidiu que seu filho, apesar de centauro, não seria cruel nem violento, como o resto de sua espécie. Seria sábio, gentil e virtuoso.

Filira não se conformou com seu filho monstruoso e pediu à Mãe-Terra que a transformasse numa árvore e assim foi transformada numa tília.

Quiron cresceu sem mãe, protegido de longe pelo pai. Ártemis lhe ensinou a caçar. Apolo ensinou-lhe as artes. A sabedoria foi lhe dada por Atena.

Quiron tornou-se conhecedor da caça, Medicina, Música, Astrologia e Artes oraculares. Os alunos de Quiron vinham a ele, para descobrir seu verdadeiro destino. Assim, ensinou Jasão a empreender sua busca, Aquiles a tornar-se um guerreiro sagrado e a Asclépio, a arte da cura. Foi também instrutor de Orfeu, Heracles, Ulisses e seu filho Telêmaco, de Castor e Pólux, de Teseu e Enéias.

Um dia na luta de Heracles (Hércules) com os centauros, Quiron foi ferido, acidentalmente, numa das ancas de sua parte animal. A seta que feriu Quiron tinha sido embebida no sangue da Hidra. Sendo semideus, ele não podia morrer, mas não conseguia curar a sua própria ferida. Quiron tornou-se o "curador ferido" e em função dessa dor, ele aprendeu a compaixão e passou a utilizar os conhecimentos que possuía para aliviar a dor dos que o procuravam. Este mito simboliza a história da vida dos curadores, capazes de aliviar as dores dos outros e nem sempre hábeis para lidar com suas próprias limitações.

Quando Heracles, no cumprimento de um dos seus "Doze trabalhos", encontrou Prometeu acorrentado num rochedo, pediu a Zeus (Júpiter) para libertá-lo. Zeus concordou, desde que outra alma imortal tomasse o lugar de Prometeu no Hades. Heracles imediatamente lembrou-se de Quiron e pediu a Zeus que aceitasse a troca. Desta forma, Prometeu foi libertado e Quiron livrou-se de sua dor. Nove dias após Zeus colocou a imagem de Quiron entre as estrelas, formando a Constelação de Sagitário.

CAPRICÓRNIO

O símbolo de Capricórnio, uma cabra com a cauda de um peixe, representa a fusão de dois pólos: inconsciente-espírito, na parte peixe-água e consciente-corpo na parte cabra-terra.

Na mitologia encontramos o deus babilônico Ea, senhor absoluto das águas primordiais, que representava a relação entre o Todo e a Renúncia, representado por uma Cabra-Peixe. Mitologicamente temos também uma analogia entre Capricórnio e o crocodilo, pois, no sânscrito, o nome Capricórnio (Makara), corresponde a crocodilo.

O crocodilo é, com freqüência, simbolizado como instinto arcaico, destrutivo, que das águas inconscientes emerge repentinamente sobre a Terra, para golpear. Este fato é a expressão da luta entre matéria e espírito.

No Zodíaco egípcio, o décimo signo é representado por Anúbis, deus que preside a passagem das almas para a Eternidade. Esse deus apresenta-se com o corpo de um homem e cabeça de chacal, e ao seu lado está acorrentado o animal cabra-peixe.

Este simbolismo da fusão cabra-peixe é muito vasto, mas vejamos alguns deles:

A cabra é um animal muito livre que foge de toda promiscuidade e gosta de solidão. Tem reações rápidas e precisa de muito pouco para viver. Na Índia ela é Prakriti, a Mãe do Mundo, equivalente ao arquétipo da Grande Mãe. No Tibete, a cabra é a mediadora entre o céu e os homens e serve de amuleto. Assim como o Sol se dirige para o alto, a cabra sobe a montanha. O Sol se põe atrás do horizonte como um peixe no mar. Portanto, na cabra se manifesta o sol divino no humano, que se encontra com a espiritualidade da alma-peixe.

O simbolismo do unicórnio deriva da cabra. O unicórnio é o símbolo do Novo Testamento. Temos, então, a tríade Carneiro - Bode Expiatório - Unicórnio, que se reflete no Pai - Filho - Espírito Santo. Jesus Cristo é Bode Expiatório, aquele que pagou por todos. A cabra, como iniciação ao mistério do padecer, é ação; o bode expiatório, o padecer. O Unicórnio é a realização.

Mais uma vez recorremos a Alice Bailey que nos diz: "O Carneiro, o Bode Expiatório e a Cabra sagrada gera e fertiliza tudo; o Bode Expiatório, no deserto tudo redime. A Cabra sagrada funde-se com o Unicórnio e ergue sobre o chifre de ouro a forma vencida ... A Cabra torna-se Unicórnio e chega à vitória."

Crocodilo, Cabra e Unicórnio descrevem e fases do desenvolvimento humano. É na parte cabra do Capricórnio que a raça humana exprime a busca e a presença do divino que tem que passar pelo peixe para que Deus se manifeste. O peixe que aparece como cauda no signo de Capricórnio serve para a direção do movimento na água do batismo da transformação.

Não podemos esquecer também que simbolicamente Jesus nasceu em Capricórnio.

MITOS CAPRICORNIANOS

Vários são os Mitos relacionados com o signo de Capricórnio: Cristo, Buda, Bodhisatva, Unicórnio, Cabra Amaltéia, Pã, Sátiros e Faunos.

Escolhemos o da Cabra Amaltéia que era a ama-de-leite de Júpiter menino e o amamentava com o leite tirado do seu famoso corno, a cornucópia.

Diversas fontes dizem que Amaltéia era a Cabra Mágica que amamentava Júpiter (Zeus). Amaltéia era tão horrível que os deuses quiseram que ela se mantivesse escondida nas trevas de uma gruta no monte Ida. Amaltéia permanecia escondida para não perturbar o pequeno Júpiter. Mais tarde, já adulto e forte, graças a Amaltéia, viu-se sem armas para enfrentar os Titãs. O oráculo sugere a Júpiter que mate Amaltéia e vista sua pele a fim de obter a invulnerabilidade. Vemos aí o sacrifício supremo da Cabra, que morre para o bem de outrem, depois de ter-se devotado totalmente.

Este é o sentido trágico e sacrifical da Cabra, que morre para o bem dos outros depois de ter-se devotado e dedicado. E é também o sentido de Capricórnio morrer sacrificado em prol de um bem comum (Bode Expiratório).

O mito que simbolicamente exalta o valor do Bode Expiatório. Capricórnio é o de Jesus e do Natal. Outro grande mito central de Capricórnio é o de Cronos - Saturno, o deus do Caráter e destino. O mito de Cronos - Saturno é fundamental para compreendermos a fatalismo presente no destino de Capricórnio.