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ENTREVISTA COM NOEL TYL PARA UNIVERSUS - FINAL

Realizada por Susie Verde

A entrevista com Noel Tyl para o Jornal Universus foi realizada em Agosto de 1999 por Susie Verde, durante a realização do "Astrology in the 21st Century - Great Eclipse Conference" (A Astrologia no Século XXI - Congresso do Grande Eclipse), organizado pela "Associação Astrológica da Grã-bretanha", evento que foi aberto por Noel Tyl.

Iniciada no número anterior de Universus, a entrevista dá idéia do trabalho de um dos mais talentosos astrólogos da atualidade, que mantém seu trabalho de consultoria em Phoenix no Arizona, EUA,

Noel Tyl estará no Brasil no mês de Junho, brindando astrólogos e estudantes de astrologia com a sua experiência de 40 anos de prática astrológica.

SV: E a respeito de seu envolvimento com a Astrologia Mundana?


NT: A Astrologia Mundana, ou das Nações e do Coletivo, é muito interessante e desafiadora. Ela depende muito das datas de fundação e independência dos países e atualmente baseia-se muito no trabalho de pesquisa histórica de Nicholas Campion, um brilhante astrólogo inglês, que compilou os dados de mais de 400 nações em seu livro "The Book of World Horoscopes" ( O Livro dos Horóscopos Mundiais).

Este livro é um trabalho fenomenal. Ele merece todos os elogios por seu brilhantismo e já recebeu muitos prêmios por todo o mundo. Eu utilizei este material e o desenvolvi em meu trabalho. Muitas de minhas previsões tornaram-se realidade, outras não, por frações de tempo. Trata-se de uma modalidade fascinante de Astrologia! O mapa de Israel, por exemplo, é o mapa mais exato no museu de mapas nacionais. Eu sou considerado uma autoridade no estudo astrológico de Israel. Conheço-o em detalhes, e como seus dados de fundação são tão precisos, existe pouca chance de erros.

Entretanto, este não é o caso na maioria dos países e, por esta razão, muitos erros são cometidos. Eu sempre tive a coragem de fazer tentativas e de aprender com os erros que porventura ocorressem. Por exemplo, por que não houve a assinatura do tratado de paz entre Israel e Síria no dia em que eu havia previsto?... Existe uma resposta para esta questão, porém nós geralmente só aprendemos quando erramos. Nós agora sabemos um pouco mais, não sobre a astrologia, mas sobre a existência de uma política sofisticada, envolvida no sistema de previsões. Agora que a liderança radical de Benjamin Netaniahu terminou, com a sua queda , voltou-se ao ponto de partida e somente agora a paz entre Síria e Israel voltou a ser discutida.

Infelizmente a astrologia não podia prever - e eu tampouco - esta interrupção. Entretanto, uma vez que este processo foi revertido, uma solução deve surgir num futuro próximo.

Assuntos deste tipo envolvem um elevado grau de sofisticação e especialização, que requerem um estudo detalhado de muitas variantes. Eu tenho feito estudos e tentativas, aprendendo muito de todas elas e este, acredito, é o meu papel de pesquisador e professor.

Por exemplo, eu fiz uma pesquisa sobre a monarquia inglesa durante os últimos 300 anos. Baseado neste estudo, cheguei à conclusão de que Charles nunca se tornará o rei da Inglaterra. Esta pesquisa mostrou que existem 5 variáveis presentes nos mapas de todos os monarcas durante este período. Dentre estas 5 variáveis, o nível de incidência nas cartas destes monarcas é de, no mínimo, 80%.

Incrivelmente, apenas um não apresentava nenhum destes indicadores: Charles. Da mesma maneira que uma empresa de seguros baseia-se em dados estatísticos para excluir determinados clientes, nós também devemos fazer o mesmo quando o assunto é previsões.

Além disso, também previ o nascimento dos dois filhos do casal real, assim como sobre a morte da Princesa Diana. Portanto, existem possibilidades imensas dentro da Astrologia Mundana e, acredito, estamos apenas aprendendo a lidar com ela.

SV: Sua versatilidade em discorrer sobre áreas tão diversas dentro da Astrologia é marcante. Você combina a natureza pessoal e intimista de quem se interessa pela cura e transformação pessoal com a visão ampla e sociológica das atividades do coletivo...


NT: Acho que isto deve-se ao fato de que tenho mais de dois metros e talvez esteja um pouquinho mais perto do céu! (risos).

SV: Você poderia comentar sobre suas impressões sobre o Grande Eclipse (Agosto de 1999) e o que o novo Milênio nos promete?


NT: Bem, comecemos pelo eclipse. Todos ficamos muito excitados quando o assunto é eclipses. Entretanto, eles acontecem a todo momento e nós ainda continuamos aqui. Todas as vezes em que há uma configuração diferente nos céus, as pessoas ficam demasiadamente preocupadas! Mesmo astrólogos famosos, como Paracelso no final do século quinze, diz-se que ficou histérico com uma formação planetária daqueles dias.

Falando em fenômenos astronômicos, eu poderia lembrar a onda de luz que atinge a Terra no ritmo de 60.000 vezes por minuto, uma coisa inacreditável!

A perda da luz é algo de que sempre tivemos muito medo. Em tempos antigos, a perda de luz ocasionada pelo pôr do Sol, inspirou muitos rituais e religiões que dedicavam-se a trazer o Sol e a luz de volta. O tema da Ressurreição tem influenciado muitas religiões de várias maneiras, deste a sua ocorrência, 2.000 anos atrás. Entretanto, poderíamos dizer que quando perdemos a luz, ganhamos a sombra, que é a introspecção necessária para o estudo de nós mesmos.

Numa abordagem prática, acredito nada deverá acontecer no dia do Eclipse ou no dia seguinte a ele. Entretanto, todas as pessoas nascidas durante este período, digamos este mês, em 35 anos estarão liderando o mundo e suas diferentes nações. Estas pessoas estarão unidas por esta assinatura nos céus, assim como todos os líderes e quase todos os participantes da Segunda Guerra Mundial eram marcados por uma determinada assinatura. Eu acho que é assim. Nós temos uma sub-geração sendo influenciada fortemente por este simbolismo. Devemos também lembrar que são as pessoas que fazem as coisas e não os planetas. Na medida em que forem ficando mais velhas, elas começarão a realizar e concretizar coisas no mundo e aí, provavelmente, poderemos ter uma visão mais clara do significado deste aspecto.

SV: Voltando ao assunto Israel, o que você diria sobre o fato de que a sombra do Eclipse passou por lá?


NT: Isto não é tão importante. O que é mais importante é o grande alinhamento de planetas, envolvendo o ciclo de Júpiter - Saturno em Maio de 2000, no qual estou muitíssimo interessado. Ele estará conjunto ao Meio do Céu dos Estados Unidos e ao Sol de Israel.

SV: Então, o que você diria sobre isto?


NT: Nós, os americanos, demos a Israel 56 bilhões de dólares desde 1946. Entretanto, não existe nenhum tratado ou acordo assinado a este respeito. Por que, então, esta relação entre Israel e os Estados Unidos tem sido tão intensa?... Estas são perguntas muito importantes. Elas não tem respostas astrológicas; porém, os mapas destas duas nações apresentam pontos de congruência, assim como os mapas de um homem e uma mulher. Esta química da atração e afinidade é que deve ser analisada.

SV: Você foi premiado com o troféu internacional Regulus, por estabelecer e manter uma imagem exemplar do profissional da Astrologia. O que significa para você este reconhecimento profissional?


NT: Regulus é a maior estrela fixa da constelação do Leão. Ela é normalmente associada a prêmios que envolvem o reconhecimento do indivíduo por algum feito heróico. Eu a recebi como reconhecimento pelo profissionalismo que tenho mantido em meu trabalho e eu sinto-me muito honrado com isto. Ao mesmo tempo, não foi uma surpresa, pois caso contrário, qual seria a razão do trabalho sério e da intensa disciplina que é necessária à realização? Acredito que todo bom trabalho deve ser reconhecido pela comunidade astrológica e, por isto, sou muito grato.

SV: Você está também envolvido com a construção de um magnífico centro de aprendizagem de Astrologia na África do Sul...


NT: Sim, eu fui convidado pela astróloga sul africana Mitzi Wania a visitar Joanesburgo e auxiliar, junto com seus alunos, a concepção, planejamento e construção de um complexo, que terá cerca de 6.000 metros quadrados de tamanho. Ele terá dois prédios, um deles com a forma do planeta Saturno, aonde os estudos da Nova Era serão direcionados ao grande público no sentido a promover uma mudança de mentalidade no mundo.

Estes conhecimentos serão, então, compartilhados com a indústria, mídia, medicina e outros ramos da atividade humana. Por exemplo, no caso da medicina preventiva, a Astrologia das Doenças Críticas poderá contribuir imensamente na detecção do início ou tendência a diabetes, muito mais rápido do que os médicos possam identificar a incidência da doença. Em suma, um local aonde todos os tipos de estudos inovadores e humanísticos possam ser desenvolvidos. Este é um grande desafio, uma responsabilidade e uma grande alegria, que queremos que seja um modelo para a ocorrência em outros lugares do mundo.

Nós tivemos alguns problemas burocráticos, porém, seu conceito já está agora totalmente finalizado. O design e construção foi entregue a uma famosa empresa de arquitetura e nosso corpo de diretores já está totalmente formado. Nós dispomos do terreno e estamos prontos para começar. Logo que a parte legal estiver acertada, estaremos voando! Talvez, a próxima vez que nós nos encontrarmos será debaixo da cúpula de Milley Dome, em Joanesburgo ! (Nesta ocasião Noel Tyl não havia ainda confirmado sua vinda ao Brasil).

SV: Este centro será destinado apenas a astrólogos ou ele será aberto também a estudantes de outras áreas? Vocês pretender incluir um currículo astrológico?


NT: Este centro será aberto ao grande público e pretendemos incluir cursos em diversas áreas, que estejam na mesma linha de atuação. Queremos implantar desde o Tai Chi ao estudo filosófico do I-Ching. Entretanto, existirá um currículo de ensino astrológico, aberto a estudantes do mundo todo. Este programa foi construído nos níveis iniciante e intermediário e tem sido utilizado com grande sucesso. Ele foi tão bem aceito que escrevi um livro, intitulado "A Nova Maneira de Aprender Astrologia - Método Noel Tyl", publicado pela Editora Llewellyn.

SV: Como você explicaria esta relação tão forte com a África do Sul?


NT: Esta é uma pergunta muito interessante! Bem, quando as notícias sobre este projeto começaram a correr, eu recebi uma mensagem de um astrólogo americano, que vive há muito tempo na França. Ele pedia minha permissão para fazer comentários sobre meu horóscopo, o que eu achei ótimo e assenti de imediato. Ele mostrou que, baseado em meu mapa de Astrocartografia em combinação com técnicas de Local Space, meu urano natal torna-se extremamente proeminente no horizonte em Joanesburgo. Interessante, não?... Entretanto, eu amo o desafio de uma nova nação e devo dizer que lá sou tratado com muito carinho e respeito. Por esta razão, tudo me leva a crer que é lá que cumprirei minha missão, até o resto de minha vida.

SV: Para finalizarmos, você gostaria de enviar alguma mensagem aos astrólogos e estudantes de Astrologia no Brasil?


NT: Sim. Eu diria a todos os astrólogos:

1)- Aprenda a ter um bom diálogo com seu cliente;
2)- Não faça um circo de descrições. Aprenda muito sobre a Vida e então, traga Vida aos planetas;
3)- Não relacione a pessoa ao horóscopo; isto é como confinar alguém ao que você conhece da astrologia. Inverta este processo. Olhe previamente o horóscopo, prepare-o e aprenda a fazer perguntas importantes. Assim, é possível começar uma boa conversa e, neste processo, relacionar a realidade do horóscopo tal qual ela é vivida pelo cliente.
Estes três fatores fazem com que você abandone as meras medidas preconcebidas e ingresse rapidamente na verdadeira Arte, que o auxiliará a concretizar sua própria missão e a servir ao próximo.

Susie Verde é filiada à "AA - Astrological Association of Great Britain" - e Representante da "Faculty of Astrological Studies" no Brasil, astróloga sindicalizada no SINARJ (nº 275) e dirige a Pro-Green, responsável pela organização da tournée carioca de Noel Tyl.