Quem nunca se encantou diante de uma lua cheia, mesmo sabendo que de perto a Lua não é tão bonita? Quem nunca achou fascinante a luz prateada da Lua, mesmo sabendo que ela apenas reflete a luz do Sol?
Na astrologia, por excelência, a Lua é símbolo do feminino. Assim como a Lua, as mulheres também têm um ciclo. A Lua muda todos os dias, e também as mulheres são assim. Além disso, a Lua tem um paralelo óbvio com a gravidez, desde a semente plantada na lua nova, passando pela plenitude máxima na lua cheia e o esvaziamento na lua minguante.
Ainda que a mulher seja mais ligada à Lua, ela afeta todos nós. Simboliza os humores, as disposições emocionais. Todos nós sofremos variações, e elas são naturais, são como o subir e o descer das marés. Deveríamos, por isto, ter uma aceitação maior de nossos estados emocionais. Ninguém, ao olhar a maré baixa, acredita nem por um segundo que ela permanecerá assim. Se aceitamos as marés, também poderíamos aceitar que num dia estejamos eufóricos, depois apreensivos, depois saudosos, depois cheios de energia, depois sonolentos, e sob tantos outros estados de humor, que seguem um após outro, com movimentos de subida e descida.
Na realidade, teríamos que aprender a seguir mais nossos ritmos internos. Assim como quem diz escutar o mar dentro de um concha, teríamos de aprender a escutar mais nosso interior. Há determinados dias em que faremos mais por nós mesmos se descansarmos, se nos introvertermos, se nos preservarmos. E há determinados dias em que se algo "explode" dentro de nós, temos que colocar este vigor para fora, buscando exprimir esta energia interna que transborda. Nos dias que estivermos vazios, deveríamos ter a mesma complacência e aceitação que temos com uma lua minguante e no dia em que estivéssemos plenos, deveríamos vivenciar esta plenitude sabendo que a tendência dela é se esvaziar, para ser retomada em algum outro ponto.
Nenhum signo aceita com tanta naturalidade as variações da Lua como Câncer, signo regido pela Lua. Porém, apesar da Lua reger Câncer, os outros signos também podem conter a Lua no mapa natal. É a Lua quem explica todas as diferenças do sentir. Porque uma pessoa pode se zangar com um pequeno detalhe que outra pessoa quase não se zanga. Porque algumas pessoas retêm seus sentimentos e outras deixam que eles transbordem. Porque algumas pessoas se sensibilizam com tudo, como se tivessem terminais nervosos até na alma, e outras têm menor sensibilidade. Porque a falta de respeito fere um e não perturba o outro, que fica magoado é com desatenção.
Tudo isto mostra que somos diferentes em nosso "feitio emocional", em nosso sentir, em nossas necessidades. É claro que é através da Lua que também somos capazes de perceber o mundo emocional do outro, mas temos nossa própria maneira de sentir. A Lua seria uma espécie de canal pessoal por onde passa a emoção: a que se sente, a que se recebe.
A Lua não é apenas o que sentimos, mas também como cuidamos de nós. No mapa astrológico, ela significa como fomos cuidados, e por isto, como cuidamos, também. Algumas pessoas se descuidam, buscando situações emocionais que potencialmente as ferem. Outras pessoas se preservam demais, temendo serem feridas. O normal da Lua seria um movimento quase natural de se abrir quando encontra algo agradável e aconchegante (deixar que aquele sentimento bom "inunde" a pessoa por dentro) e se fechar quando encontra aspereza ou dor (sentimento de preservação). Porém, como até nisso somos diferentes, algumas pessoas precisam ir de encontro à dor para poderem se entender, por exemplo. Tomamos alguns caminhos misteriosos e imponderáveis muitas vezes para nos encontrarmos.
Porém, uma coisa todos nós temos de aprender: a nos cuidar. Cuidar de nós mesmos é o primeiro passo para nos amarmos. O que é cuidar de si mesmo? É aprender a atender as nossas principais disposições internas. Se sinto vontade de me recolher, me recolho. Se sinto meus sentimentos presos dentro de mim, tento exprimí-los de algum modo. Se sinto que preciso de algo alegre, sou capaz de ir buscar este algo alegre para mim, como quem admite que precisa ir atrás de uma rosa para poder sorrir naquele dia.
A Lua não é apenas se cuidar, mas cuidar de quem se ama, também. A Lua está muito ligada ao nutrir: o que me nutre, o que te nutre. Se gosto de alguém, não posso deixar esta pessoa desamparada. A Lua está estritamente ligada ao sentido de preservação. Eu preservo o que eu amo. Se sinto que alguém precisa de carinho, e eu tenho para dar, eu dou este carinho. Porque não há coisa pior do que a "miséria emocional", tanto a miséria em dar sentimento e compreensão como a miséria de achar que se é auto-suficiente e não precisa receber nada de ninguém.
A Lua tem conexão com a água, que umedece e é sempre bem vinda. A Lua é emoção. Emoção transmitida através de um olhar, de um afago de reconhecimento, de uma palavra na hora certa. E a função da emoção não é traçar um caminho previsto, mas, sim, escoar na direção que ela própria escolher. E que no final é sempre a direção certa, como um rio que corre para encontrar o mar.
Vanessa Tuleski é astróloga há dez anos e mantém o site AstroWeb , cuja principal atração é a previsão diária baseada na Lua. Artigo publicado na revista eletrônica "Porto do Céu": http://www.portodoceu.com.br
